O mundo contemporâneo reflete uma realidade implacável para um país como o Brasil sob a qual defender e manter a soberania é algo muito complicado, mas não impossível:
- A voracidade da investida de grandes potências (no caso específico do Brasil, incisivamente os EUA) impõe um modelo de dependência aos países do Sul Global (ver aqui e aqui);
- E isso exige enfrentamento constante por parte das nações que desejam preservar sua autonomia econômica, política e estratégica (ver aqui).
O Brasil, como uma das maiores economias emergentes do mundo, enfrenta desafios imensos para manter sua soberania:
- Além das pressões externas;
- Há uma resistência interna, premeditadamente inconsequente, por parte de setores políticos e midiáticos que sabotam qualquer movimento de autonomia nacional, vergonhosamente alinhados a interesses financeiros internacionais (ver aqui).
Essa postura já custou ao Brasil o controle sobre estatais estratégicas, o enfraquecimento de políticas públicas essenciais e a perda de capacidade de planejamento econômico de longo prazo.
Falar em soberania significa, portanto, analisar diversos aspectos em torno dos quais o Brasil enfrenta obstáculos, tais como a dependência econômica e financeira, a influência externa sobre a política nacional, a desindustrialização e falta de inovação tecnológica, e a guerra midiática contra a soberania nacional.
O Brasil é um país rico em recursos naturais, mas ainda sofre com a dependência de mercados internacionais e instituições financeiras para sustentar sua economia:
- A falta de uma política industrial sólida fez com que o país se tornasse basicamente um exportador de commodities, sem agregar valor à sua produção;
- Essa forte dependência do agronegócio e da mineração limita a capacidade do Brasil de se desenvolver de maneira autônoma;
- E os juros elevados e a influência de organismos financeiros internacionais restringem a capacidade do governo de investir em setores estratégicos (ver aqui).
Além disso, sempre que adotou medidas que contrariam interesses estrangeiros, o Brasil enfrentou diversas tentativas de desestabilização, como nos acontecimentos que levaram ao suicídio de Getúlio e outros relacionados a prisão de Lula, ao impeachment de Dilma e a farsa da operação lava jato.
Nesse contexto, a mídia tradicional no Brasil quase sempre atua como uma ferramenta de desestabilização, alinhando-se a interesses externos:
- Promovendo uma visão negativa de qualquer política que vise fortalecer a soberania nacional;
- Como, por exemplo, a desinformação e a criminalização que promovem de projetos estratégicos como o fortalecimento do BRICS e a cobrança que fazem por contenção de gastos sociais e estratégicos do governo, dificultando a implementação de medidas que poderiam reduzir a dependência externa, fortalecer setores como a saúde e educação, e favorecer a reindustrialização do país (ver aqui e aqui).
Esse enfraquecimento da soberania política se reflete na submissão do Brasil a interesses externos, seja em acordos comerciais desvantajosos, seja na fragilidade da política externa diante das grandes potências, e tem como consequências:
- A falta de investimentos em tecnologia e inovação, que reduziu a competitividade da indústria brasileira;
- O desmonte da engenharia nacional, com o advento da nefasta operação lava jato, e a privatização de setores estratégicos, como a Eletrobrás e a Petrobrás, limitando a capacidade do país de desenvolver tecnologia própria.
- E a dependência de importações de produtos de alto valor agregado, que enfraquece a economia e torna o Brasil vulnerável a flutuações externas.
Diante desse cenário, é fundamental que o governo Lula e as futuras administrações adotem medidas concretas e estratégias a longo prazo para garantir ao Brasil um futuro mais soberano e menos vulnerável às pressões externas, sendo necessário o estabelecimento de medidas essenciais, como sugeridas a seguir.
Reindustrialização e fortalecimento do mercado interno:
- Com a criação de políticas de incentivo à produção industrial nacional, garantindo que setores estratégicos tenham apoio governamental;
- O fortalecimento da engenharia e da indústria de alta tecnologia, investindo em pesquisa e desenvolvimento;
- A criação de barreiras inteligentes contra a desindustrialização, protegendo setores essenciais da concorrência predatória internacional.
Fortalecimento do BRICS e diversificação de parcerias comerciais:
- Reduzindo a dependência do dólar em transações internacionais, fortalecendo moedas alternativas como o yuan e criando mecanismos de compensação financeira dentro do BRICS;
- Expandindo as relações comerciais com países da África, Ásia e América Latina, buscando uma economia mais diversificada e menos dependente dos EUA e da Europa;
- E utilizando o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e outros mecanismos financeiros ligados aos países do BRICS (como por exemplo a China) em alternativa às instituições ocidentais, para financiar projetos estratégicos.
Proteção dos recursos naturais e desenvolvimento sustentável:
- Com a criação de um modelo de exploração sustentável dos recursos naturais, garantindo que o Brasil não continue apenas como fornecedor de matéria-prima;
- O investimento em refinarias nacionais e indústrias que agreguem valor aos produtos brasileiros, reduzindo a necessidade de exportar commodities brutas;
- E o impedimento da privatização de ativos estratégicos, como água, energia e petróleo, garantindo que esses recursos sirvam aos interesses nacionais.
Regulação da mídia e fortalecimento da comunicação nacional:
- Com a criação de mecanismos para garantir pluralidade de informação e impedir que grupos midiáticos monopolizem a narrativa política e econômica do país;
- O incentivo a mídias independentes e o fortalecimento de veículos públicos de comunicação, garantindo uma visão equilibrada sobre temas de interesse nacional (ver aqui).
Fortalecimento da educação e da inovação tecnológica:
- Aumentando os investimentos em educação técnica e superior, garantindo que o Brasil forme profissionais capacitados para os desafios do futuro;
- Criando incentivos para empresas que investem em pesquisa e inovação, reduzindo a dependência de tecnologias estrangeiras;
- E estimulando parcerias entre universidades e indústrias para o desenvolvimento de novas tecnologias nacionais.
Enfim, o desafio de manter a soberania em um mundo dominado por potências econômicas e militares imperialistas é gigantesco, mas não impossível. O governo Lula tem buscado ampliar a autonomia econômica, diversificando parceiros comerciais e estimulando políticas industriais, mas de forma ainda bastante incipiente. No entanto, essa luta exige um esforço contínuo para enfrentar as pressões externas e internas que sabotam a independência do Brasil.
Se o país não adotar uma estratégia clara para garantir sua soberania, continuará preso ao papel de mero fornecedor de matérias-primas para potências estrangeiras. É fundamental que o Brasil invista em inovação, reindustrialização e políticas de fortalecimento do mercado interno para garantir um futuro em que possa decidir seu próprio destino, e a revogação definitiva da emenda do teto de gastos e o novo arcabouço fiscal é, sem dúvidas, o principal ponto a ser enfrentado no sentido de viabilizar essa possibilidade.