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O Paradoxo do Governo Lula: Indicadores Econômicos e Sociais Relevantes, mas Não Consegue Comunicar Isso ao Povo

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O prefeito do Recife, João Campos, reconhecido pela excelência no trabalho de comunicação do seu governo, em entrevista ao programa Roda Viva (ver vídeo), fez uma observação bastante pertinente sobre um dos principais desafios enfrentados por Lula – a dificuldade de comunicar os avanços do seu governo à população – um verdadeiro “paradoxo do Governo Lula”, que:

  • Apesar dos indicadores econômicos e sociais positivos;
  • Não consegue fazer com que a percepção desses dados se  reflita amplamente entre os brasileiros.

Nos últimos meses, o Brasil tem registrado crescimento econômico acima das expectativas, queda no desemprego e inflação sob controle. Além disso, políticas sociais como o Bolsa Família e o aumento real do salário mínimo foram retomadas, beneficiando milhões de pessoas:

  • Esses fatores, em tese, deveriam fortalecer a popularidade do governo;
  • Mas isso não tem ocorrido na mesma proporção.

Essa dificuldade de comunicação pode ser explicada por diversos fatores:

  • Primeiro, há uma forte polarização política no país, que influencia a forma como as informações são consumidas e interpretadas;
  • Com a oposição e setores da mídia frequentemente distorcendo e abordando de forma não verdadeira situações, problemas e desafios de gestão do governo;
  • Deliberadamente atuando para obscurecer os avanços obtidos e criar “cortinas de fumaça”, falsas informações e direcionar o olhar da população para outro foco.

Outro ponto relevante é a mudança no perfil do eleitorado e também nos canais de informação:

  • As redes sociais se tornaram a principal fonte de notícias para muitos brasileiros;
  • E o governo enfrenta dificuldades em disputar narrativas nesses espaços.

A fala de João Campos indica a necessidade de uma preocupação estratégica e revela o óbvio: para consolidar a aprovação popular, o governo Lula precisa aprimorar sua comunicação e garantir que os resultados positivos sejam percebidos de maneira mais clara pela população.

O que exige não apenas divulgar dados:

  • Mas conectar essas conquistas com a vida cotidiana das pessoas;
  • Utilizando uma linguagem acessível e canais de comunicação eficazes.

Em um cenário de disputa política intensa, a capacidade de comunicar bem os feitos do governo, dentre os quais alguns serão destacados a seguir, pode ser determinante para o futuro do projeto político liderado por Lula e seus aliados.

Balanço dos dois primeiros anos do Governo Lula

  1. Crescimento do PIB em 2023 de 3,2% e em 2024 3,5%.

https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2024-12/projecao-de-crescimento-da-economia-sobe-de-32-para-35-em-2024

  1. Taxa de desemprego 6,1%, menor taxa da história.

https://www.infomoney.com.br/economia/taxa-de-desemprego-fica-em-61-no-trimestre-ate-novembro-a-menor-da-historia/

  1. A massa de rendimento real foi novo recorde, chegando a R$332,7 bilhões e o rendimento real habitual de todos os trabalhos (R$ 3.285).

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/massa-de-salarios-bate-recorde-no-trimestre-ate-setembro-diz-ibge/

  1. Crescimento da indústria de 3,6% em 2024, maior em 10 anos.

https://agenciafiep.com.br/2022/02/09/crescimento-da-producao-industrial-do-parana-e-maior-em-10-anos/

  1. Crescimento de 75% do emprego na indústria, destes 55% são jovens.

https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2024-11/contratacoes-do-setor-industrial-tem-salto-de-75-e-jovens-sao-maioria

  1. Segmentos de alta tecnologia cresceram 5%, acima da indústria de transformação, que vai crescer 3,6%.

https://exame.com/economia/industria-de-alta-tecnologia-amplia-sua-producao-pela-primeira-vez-desde-2018/

  1. A taxa de investimento como proporção do PIB é de 18%.

https://blogdoibre.fgv.br/posts/fbcfpib-como-estamos-em-relacao-ao-mundo-em-taxa-de-investimento

  1. O Brasil se tornou o 2° maior receptor de investimentos estrangeiros diretos do mundo em 2024.

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/ocde-diz-que-brasil-e-2o-pais-com-mais-fluxo-de-investimento-estrangeiro-direto-atras-dos-eua/

  1. O investimento em infraestrutura saiu de R$188 bilhões em 2022, para R$ 260 bilhões em 2024.

https://construirresistencia.com.br/40589-2/

  1. Com o Plano Mais Produção,  a Nova Indústria Brasil (NIB) disponibilizou R$ 507 bilhões de crédito para investimentos. BNDES, FINEP, EMBRAPII,  CEF,  BB, BASA e BNB, estão juntos para estimular uma Indústria Mais Inovadora e Digital, Exportadora,  Verde e Competitiva.

https://news.agrofy.com.br/noticia/206091/governo-federal-anuncia-r-5466-bilhoes-em-investimentos-agroindustria

  1. O BNDES aumentou o volume de desembolso de R$98 bilhões em 2022, para R$148 bilhões em 2024. O crédito para a indústria cresceu 262% em 2024.

https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2024/06/05/desembolsos-devem-alcancar-r-148-bilhoes-em-2024-preve-diretor-do-bndes.htm

  1. Com a Nova Indústria Brasil (NIB), Novo PAC e PTE, o setor privado já anunciou investimentos de R$ 2,3 trilhões.

https://noticias.r7.com/brasilia/nova-industria-brasil-programa-conta-com-r-405-bi-do-governo-e-r-16-tri-do-setor-privado-22112024/

  1. A Finep bateu recorde e ultrapassou R$10 bilhões em financiamentos e os recursos financeiros liberados pela Finep, em 2024, representam o dobro do montante financiado em 2023. O desempenho também representa um crescimento três vezes superior em relação ao resultado de 2022.

https://monitormercantil.com.br/finep-bate-recorde-e-ultrapassa-r-10-bi-em-financiamentos/

  1. Com a NIB estimulando a agroindústria, a taxa de crescimento da agroindústria teve o melhor resultado em 14 anos, com crescimento de 4,2% em outubro,e 2,7% no acumulado.

https://globorural.globo.com/economia/noticia/2024/12/producao-da-agroindustria-registra-ate-outubro-o-melhor-resultado-em-14-anos.ghtml

  1. As linhas branca e marrom registraram o maior crescimento da produção e vendas nos últimos 10 anos, 25%.

https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2024/09/23/black-friday-e-natal-renovam-otimismo-da-industria-de-eletrodomesticos.ghtml

  1. Com o Mover, programa da NIB, o setor automotivo bateu recorde nas vendas, crescimento de 15% em 2024. A produção cresceu 11%, maior crescimento dos últimos 10 anos.

https://g1.globo.com/carros/noticia/2024/12/12/mercado-automotivo-brasileiro-e-o-que-mais-cresce-no-mundo-em-2024.ghtml

  1. A produção de máquinas e equipamentos está puxando o crescimento industrial, com crescimento de 8,3% em 2024.

https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202408/industria-expande-para-83-4-o-uso-de-sua-capacidade-e-investe-em-maquinario

  1. O setor de bens de consumo duráveis cresceu 9,8% em 2024. São mais bens como automóveis,  geladeiras, TVs, fogões, máquinas de lavar, etc, chegando ao povo.

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/automoveis-motos-mobiliario-e-linha-marrom-impulsionam-bens-duraveis-em-julho-diz-ibge/

19. No ranking mundial de produção industrial, o Brasil avançou 30 posições, saltando de 70° para 40° e a produção industrial foi responsável por 76% do aumento nas vagas de trabalho. https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202410/brasil-sobe-30-posicoes-em-ranking-de-producao-industrial-em-um-ano-lula-e-alckmin-comentam e https://pt.org.br/efeito-lula-industria-respondeu-por-76-do-aumento-das-vagas-formais-em-2024/

  1. O varejo chega ao fim do ano com alta de 12,2% nas vendas na comparação com 2023: Entre os itens mais procurados estão os eletrônicos (alta de 25,9% nas vendas, ante 2023); os brinquedos (+24%) e as roupas e os acessórios (+13%). O setor alimentar, alcançou 18,4%.

https://oglobo.globo.com/blogs/lauro-jardim/post/2024/12/varejo-chega-ao-fim-do-ano-com-alta-de-122percent-nas-vendas-na-comparacao-com-2023.ghtml

  1. Depois de mais 40 anos, foi aprovada a Reforma Tributária, que estimula investimentos e exportações. Estima-se que essa reforma gerará um crescimento adicional da economia de 12% a 20% em 15 anos. Hoje, esses 12% representariam R$ 1,2 trilhão a mais no PIB de 2022.

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/depois-de-40-anos-o-brasil-tem-um-novo-modelo-tributario/

  1. Taxa de pobreza caiu para mínima histórica: 27,4%.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2024/12/pobreza-e-extrema-pobreza-no-brasil-atingem-menores-niveis-de-serie-iniciada-em-2012.shtml

  1. A taxa de miséria caiu para a mínima histórica. Parcela de brasileiros miseráveis caiu para 4,4%

https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2024/12/04/miseria-e-pobreza-atingem-o-menor-patamar-da-historia-no-brasil-aponta-ibge.ghtml

  1. Os Portos públicos bateram recorde de movimentação. https://revistaforum.com.br/economia/2025/2/19/efeito-lula-portos-publicos-batem-recorde-em-2024-movimentao-cresce-5-174386.html

25. A Amazônia tem a menor taxa de desmatamento em 9 anos e a taxa de desmatamento no Pantanal caiu 77,2%%, enquanto no Cerrado a queda f

Enfim, o governo Lula encontrou o país destruído:

  • Entre 2016 e 2022, a taxa média de crescimento do PIB foi de 0,4%, com desemprego e pobreza crescentes, e Bolsonaro deixou um rombo fiscal de R$ 800 bilhões em 4 anos, sem jamais cumprir o Teto de Gastos;
  • Apesar de tudo isso, se considerarmos as despesas que não foram criadas pelo governo Lula, mas sim pelo congresso nacional, em 2024 teríamos superávit fiscal, isso com a inflação apresentando patamares abaixo das expectativas do mercado. 

Em síntese, várias reformas e programas estruturais foram criados e aprovados pelo governo garantindo ao país a possibilidade de crescimento de longo prazo e a retomada da indústria, tais como:

  • Mercado de carbono, Lei do Hidrogênio de Baixo Carbono, Lei do Combustível do Futuro, Nova Lei de Informática, Programa Brasil Semicondutores, Programa de Mobilidade Verde e Inovação (MOVER), Marco de Garantias, Regime Especial da Indústria Química (REIq), Brasil Mais Produtivo, Programa Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), Lei do Combustível do Futuro, Plano Mais Produção, Debêntures de Infraestrutura e Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel;
  • Programas, esses, que são instrumentos de políticas públicas de Estado para que o país mantenha a retomada do crescimento econômico de longo prazo e o fortalecimento da indústria.

Com base nesses dados, o paradoxo identificado por João Campos evidencia a absurda distância entre os resultados concretos do governo Lula e a percepção popular sobre essas conquistas (ver aqui):

  • Os avanços expressivos na economia, na redução da pobreza e na retomada da reindustrialização do país, não repercutem na comunicação;
  • Cuja ineficácia faz com que grande parte da população não associe as melhorias e avanços obtidos diretamente às políticas governamentais.

Está claro que o sucesso do governo Lula depende não apenas de sua capacidade de implementar reformas e impulsionar a economia, mas também de sua habilidade em fazer com que a população perceba e valorize essas transformações, e, para mudar esse cenário, é essencial que o governo adote uma estratégia de comunicação mais assertiva, focada em traduzir esses números em impactos reais na vida das pessoas:

Ao enfrentar esse desafio, o governo conseguirá não apenas fortalecer seu apoio popular, mas também garantir maior estabilidade política para a continuidade de suas políticas públicas. Sem uma comunicação eficiente, mesmo os avanços mais significativos correm o risco de serem ofuscados por desinformação, ruídos políticos e falsas narrativas adversárias.

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