O escândalo das criptomoedas, na Argentina, patrocinado diretamente pelo presidente fascista Javier Milei, demonstra claramente o objetivo do fascismo: roubar o povo, preparando para ele armadilhas especulativas com o aval oficial.
Empresários amigos de amigos do presidente prepararam a armadilha desde outubro do ano passado, segundo Página 12 e La Nación, para o lançamento do projeto de tentar transformar a Argentina numa plataforma global de criptomoeda.
Trata-se de empreendimento privado, cuja essência é criação de moeda sem lastro real, que necessita de uma influência política forte por detrás, a fim de atrair investidores interessados em multiplicar seu dinheiro no facilitário.
A justificativa que levaram para Milei, a mesma que influenciou o presidente Donald Trump, nos Estados Unidos, para lançar sua moeda própria, é a farsa oculta de que seriam gerados bilhões de recursos para empreender a economia argentina, especialmente, no setor de micro e pequenas empresas.
É a tal da filosofia da economia libertária, oriunda de uma ideia considerada brilhante, para dinamizar o meio circulante com investimentos nos pequenos negócios; essa mágica farsesca esconde, no entanto, o essencial: trata-se de fazer dinheiro rápido, embolsá-lo e deixar o prejuízo para os desavisados que caem na conversa dos espertos.
TRUMP NÃO OUSOU TANTO
Trump lançou inicialmente a proposta da sua criptomoeda própria, mas não avançou na ousadia que tomou conta do chefe da Casa Rosada; o presidente americano se cercou de cuidados, os quais Milei desdenhou ao partir, decididamente, na sexta feira, para a empreitada que pode detoná-lo do poder; já há inúmeras iniciativas judiciais na Argentina, que encaminhará pedido de impeachment dele no Congresso.
Milei deu partida ao empreendimento arriscadíssimo, em que a moeda cripto lançada saiu do zero e escalou logo 4 bilhões de dólares, para, em seguida, despencar de novo ao zero, deixando na mão mais de 40 mil jogadores, segundo a mídia argentina.
Apavorado, o presidente, diante do desastre, justificou que indicou o investimento sem ter tomado conhecimento em seus detalhes do mesmo, para, logo depois, voltar atrás, quando pode conhecer o inteiro teor da jogada, pura malandragem.
Os jogadores, empresários nacionais e internacionais, aliados de um investidor americano, impulsionaram o mercado, da tarde de sexta até sábado, quando, depois de embolar bilhões, fizeram recuo tático, deixando o prejuízo, que virou um dos maiores escândalos financeiros da Argentina.
Neste domingo, a repercussão internacional é intensa, com destaque para o New York Times, repercutindo, especialmente, matéria do Página 12, que conta o histórico dos acontecimentos das aproximações dos empresários com o titular da Casa Rosada, desde outubro de 2024.
CRISTINA KIRCNHER FAVORECIDA
A líder política peronista-kirchnerista, ex-presidenta Cristina Kirchner, alvo da direita fascista argentina, vítima de law faire e de atentado político, vira, agora, o foco das atenções, no país, porque tende a ser a mais beneficiada, politicamente, pelo escândalo, junto com os peronistas em geral, organizados contra o governo.
A semana começa quente em Buenos Aires, com abertura de debates e inquéritos que vão tentar encurralar o presidente, que aplica violento modelo neoliberal, responsável por derrubar a economia, com cortes violentos de gastos públicos, para cumprir receituário do FMI, a fim de derrubar a inflação.
Como dizem os argentinos: Milei está derrubando a inflação e todo lo más – emprego, renda, arrecadação, investimentos, abrindo oportunidade, apenas, para os especuladores que ganham bilhões com os juros elevados pelo Banco Central em parceria com o Ministério da Fazenda, na aplicação do receituário ultraneoliberal fascista.