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Lula Em Transe E O Advogado Do Semipresidencialismo Parlamentarista

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Reprodução Revista Poder

As palavras, como diz Freud, servem para esconder o pensamento.

O rico advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, popular Kakai, escreveu a Lula por intermédio de rede social, para ser noticiado, claro, e, com isso, atender sua imensa vaidade de aparecer como personagem notório da capital da República, como advogado criminalista que se pontifica no STF.

Freud explica.

Na sua carta-artigo, cheia de indiretas, desejos não confessados e tentativa de ser Maquiavel a serviço do Príncipe, diz que Lula 3(2022-) já era por ter se afastado da prática da política, comparado ao Lula 1 e 2(2003-2010).

Eram outras circunstâncias, quando o presidencialismo era forte e o quadro internacional e nacional também se diferencia qualitativamente do atual.

Os adeptos do parlamentarismo haviam sido derrotados em 1962 e 1989, para tentarem submeter o executivo ao legislativo, onde funciona a democracia do dinheiro que compra bases eleitorais pela burguesia nacional, aliada ao capital estrangeiro.

É sempre imprescindível raciocinar as condições políticas objetivas, reais, do Brasil como nação economicamente dependente do dólar, desde final da segunda guerra mundial, quando os Estados Unidos se ergueram como potência hegemônica.

Lula 1 e 2 viveu o tempo em que o império americano ainda não tinha decidido desvestir de sua moralidade falsa do tempo da guerra fria para vestir atualmente do figurino da inescrupulosidade total no cenário da Real Politik neoliberal imperialista da financeirização econômica global a exigir submissão integral dos aliados.

Isso, como se espera pela dialética do poder, condiciona a política interna dos aliados, exigindo obediência dos governos do capitalismo periférico às ordens superiores, jogando fora o que o império não deseja: qualquer vestígio de independência progressista de viés esquerdista, na América Latina submissa à Doutrina Monroe

O ex-presidente Joe Biden ainda conseguiu apoiar decididamente a candidatura Lula 3 para barrar, em 2022, o retorno do fascista Bolsonaro, inelegível por oito anos, porém, agora, para desgraça da democracia, o fascista é aliado preferencial do novo imperador, Donald Trump.

Lula, nesse novo ambiente, é rejeitado pelo novo status quo que cerca o imperador Trump que apoia Bolsonaro e força, indireta e impulsivamente, as instituições tupiniquins – Congresso e Judiciário – para que seja dada anistia ao seu aliado, a fim de que possa ser candidato em 2026, quando teria apoio financeiro total do império e de sua entourage de big techs.

RESSURREIÇÃO DO SEMIPRESIDENCIALISMO

É nesse contexto que está renascendo a ideia do semipresidencialismo-parlamentarismo, embalada pelo novo presidente da Câmara, o bolsonarista disfarçado, deputado Hugo Motta(Republicanos-PB), pronto para colocar em votação, tanto o novo regime de governo, como a anistia, que beneficiaria o ex-presidente fascista.

Inegavelmente, Motta age como agente de Trump para tentar derrubar o presidencialismo constitucional lulista.

Kakai, oportunista, que tem faro de perdigueiro, sente o cheiro da nova ordem e clama aos céus para que a direita, dominante no parlamento, vença em 2026, de modo a evitar, segundo ele, o retorno da ultradireita.

Para tanto, faz intriga contra Lula, a fim de torná-lo rei da Inglaterra em pretenso parlamentarismo tupiniquim.

Tanto uma, regra parlamentarista-semipresidencialista, quanto a outra, a anistia, são armações golpistas indisfarçáveis para derrubar Lula, que sofre nas mãos da direita e ultradireita, maioria esmagadora no Congresso, para inviabilizar a governabilidade presidencialista desenvolvimentista.

TRANSE LULISTA CONTRA GOLPE

Seria ou não a hora de Lula fazer como fez Jango Goulart, em 1962, que chamou plebiscito contra o parlamentarismo que os golpistas queriam lhe impor goela abaixo, para destruir o trabalhismo nacionalista?

O fato é que, nas atuais circunstâncias em que tenta enfiar a faca nas costas do presidente Lula, o esperto Kakai se antecipa em pontificar-se como advogado do semipresidencialismo, para ocultamente apontar Hugo Motta como o alvo central das suas considerações.

Dá de lambuja que Lula caminha para ser carta fora do baralho.

Ora, Lula teria ou não força política para convocar o povo para a defesa do presidencialismo legítimo, constitucional, contra o sempresidencialismo-parlamentarismo inconstitucional?

Não é possível ser enganado por essa articulação disfarçada de democracia de Kakai.

Ele deixa rastro de que se empenha em rifar Lula antes da hora, dada sua fragilidade parlamentar que o coloca nos braços do Centrão, interessado em reforma ministerial na qual seus representantes seriam os novos articuladores do governo de centro-direita.

Kakai, inegavelmente, tenta cavar a direita – pede a Deus piedade para que seja alcançada essa graça, de forma inescrupulosa – para evitar o que considera a tragédia: a volta da ultradireita.

Só que o famoso advogado – em sua tentativa de ser estrela de Roliúde – parece não levar em consideração o que evidencia como óbvio: a direita não vence a ultradireita, porque carece de liderança para juntar o pessoal, salvo o Lula, como aconteceu em 2022.

O problema é que 2022 é passado.

As circunstâncias estão sendo determinadas pela direita, como ficou patente o resultado eleitoral de 2024.

Lula só é poder se fizer a reforma ministerial de direita para vencer a ultradireita, contando com o centro.

Kakai está emulando a direita diante do Lula fraco no parlamento.

Na prática, ele faz o discurso do poder real: semiparlamentarismo.

Está querendo agradar o potencial pretenso primeiro-ministro parlamentarista: o deputado Hugo Mota, do Centrão, o poder de fato.

Mas, e se Lula levantar a bandeira do presidencialismo e correr o Brasil com ela dizendo que está sendo golpeado pelo parlamentarismo fascista, inconstitucional, viraria ou não o jogo?

Como dizia Glauber Rocha, pai do Cinema Novo: a luta política é luta ideológica.

Lula, portanto, tem pela frente o desafio de entrar na Era de Pompeia, como diria o diretor de “Terra em transe”.

Esse transe, por acaso, não é o que o presidente mais popular da história do Brasil – ao lado de Getúlio Vargas – está vivendo?

Se não partir para o ataque, pode virar Rei da Inglaterra.

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