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Qual Fillósofo Realmente Influencia V.V Putin?

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Esqueçam o bufão que faz cosplay do Olavo de Carvalho na Federação Russa; ele não exerce qualquer influência sobre VVP.

Essa glória cabe a dois outros filósofos, a saber Ivan Ilyin e Constantino Leontiev.

Vamos falar um pouco sobre o primeiro deles, e também o mais importante. 

Ivan Ilyin (1883-1954) foi um filósofo, jurista e escritor russo, conhecido por suas reflexões sobre política, religião, moral e a natureza do Estado.

Seu pensamento é marcado por uma forte crítica ao comunismo e ao liberalismo, defendendo uma visão conservadora e espiritualizada da sociedade e do poder político.

Ilyin foi um pensador controverso, cujas ideias foram redescobertas e reavaliadas após o colapso da União Soviética.

Seu pensamento influenciou diversos intelectuais e políticos russos, incluindo figuras como Aleksandr Solzhenitsyn e, mais recentemente, Vladimir Putin, que citou Ilyin em discursos e promoveu a republicação de suas obras.

Há vários pontos na obra de Ilyin, mas para facilitar o entendimento, vamos compará-lo ao messias do pensamento geopolítico ocidental, Nicolau Maquiavel, a quem VVP despreza abissalmente.

De um modo geral, Maquiavel, em sua obra mais famosa, “O Príncipe” (1513), defende que a política deve ser separada da moralidade tradicional. Para ele, o governante deve estar disposto a agir de maneira imoral (se necessário) para manter o poder e garantir a estabilidade do Estado.

Ele valoriza a realpolitik, ou seja, a política baseada na realidade prática e no pragmatismo, em vez de ideais morais ou religiosos.

A famosa frase “os fins justificam os meios” sintetiza sua visão de que a eficácia política é mais importante do que a ética pessoal.

Já Ilyin, por outro lado, acredita que a política deve ser profundamente enraizada na moralidade e na espiritualidade.

Para ele, o Estado e o governante têm uma missão moral e religiosa, especialmente no contexto da fé cristã ortodoxa.

Além disso ele critica tanto o materialismo comunista quanto, explicitamente,  o pragmatismo maquiavélico, defendendo que a autoridade política deve ser guiada por princípios éticos e espirituais superiores, de modo que vê a política como uma extensão da busca pelo bem comum e pela justiça divina.

Em outra diferença sumamente importante, o arauto aético do pensamento ocidental, Maquiavel, enfatiza a importância do poder e da autoridade como meios para manter a ordem e evitar o caos.

Ele defende que o governante deve ser temido, mas não odiado, e que a força e a astúcia são essenciais para a sobrevivência política.

Para ele, a legitimidade do poder está na capacidade de manter o controle e garantir a estabilidade, independentemente de considerações morais.

Já Ilyin acredita que a autoridade política deve ser exercida com justiça e responsabilidade moral.

Ele defende um governo forte, mas que seja guiado por princípios espirituais e éticos.

Para ele, o poder só é legítimo se estiver alinhado com a busca pelo bem comum e com os valores religiosos.

Ele rejeita a ideia de que o poder pode ser exercido de forma amoral ou puramente pragmática.

Outra distinção importante é que Maquiavel tem uma visão realista e muitas vezes cínica da natureza humana.

Ele acredita que os seres humanos são egoístas, volúveis e propensos à corrupção, e que o governante deve levar isso em conta ao exercer o poder.

Neste sentido o  Estado existe para manter a ordem e evitar o caos, mesmo que isso exija ações duras ou imorais.

Por sua vez, Ilyin tem uma visão mais idealista da natureza humana, acreditando que as pessoas são capazes de agir de acordo com princípios morais e espirituais.

Ele vê o Estado como uma entidade orgânica que deve promover a virtude e a espiritualidade.

Para ele o Estado não é apenas uma estrutura de poder, mas uma comunidade espiritual que deve guiar os cidadãos em direção a uma vida moral e religiosa.

Em resumo, enquanto Maquiavel separa política e moralidade, Ilyin as une, insistindo que a política deve ser guiada por princípios espirituais e éticos.

Essa diferença reflete suas visões opostas sobre a natureza humana, o papel da religião e o propósito do Estado, bem como nos esclarece sobre a visão de mundo de V.V. Putin.

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