Nas últimas décadas, a economia brasileira tornou-se excessivamente dependente da exportação de commodities, enquanto sua base industrial foi enfraquecida:
- Esse declínio na industrialização, fator-chave para o desenvolvimento das grandes economias mundiais;
- Gerou impactos negativos no emprego qualificado, na inovação e na competitividade global do Brasil.
Não restam dúvidas que as exportações de commodities geram divisas, fortalecem a balança comercial e sustentam setores estratégicos da economia. Nessa perspectiva, países como o Brasil têm a possibilidade de se beneficiar de sua abundância natural, mas há vulnerabilidades e limitações:
- O mercado de commodities é cíclico e sujeito a oscilações de preços globais;
- E, além disso, como os recursos naturais são finitos e podem se esgotar ou perder valor com avanços tecnológicos, a dependência quase que exclusiva das commodities pode levar ao chamado “paradoxo da abundância”, onde a riqueza natural não se traduz em desenvolvimento sustentável;
- Em síntese, países que se industrializaram obtêm maior valor agregado aos produtos, geram empregos qualificados, produzem inovação e a possibilidade de um processo de desenvolvimento sustentável.
Dessa forma, no desafio de orientar o processo do seu desenvolvimento de forma independente e sustentável, e garantir um crescimento soberano, reduzindo a vulnerabilidade e as limitações das exportações de commodities:
- Um caminho estrategicamente natural para o Brasil é focar no processo de reindustrialização;
- Aportando investimentos em tecnologia e sustentabilidade.
Insistir nessa questão da recuperação da força da indústria nacional, especialmente em setores de alta tecnologia e produção sustentável, representa não apenas uma forma de garantir autonomia econômica, mas, também, o fortalecimento da inserção do Brasil no cenário internacional, de forma competitiva:
- Um processo urgente, que exige a construção de um modelo econômico mais resiliente, que não se faz da noite para o dia;
- E cujo estabelecimento, depende de algumas ações específicas, de curto, médio e longo prazo, tais como política industrial estratégica, incentivo à pesquisa e desenvolvimento e o fortalecimento da capacidade de financiamento.
Enfim, já passou da hora do governo formular uma política industrial focada na recuperação e modernização dos setores produtivos e a inovação é a chave para isso.
Para que a retomada do processo de reindustrialização seja bem-sucedida, dentre os aspectos mais importantes estão:
- A ampliação dos investimentos públicos e privados em pesquisa e desenvolvimento;
- A promoção da integração entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo;
- E a criação de um ambiente propício para a consolidação de uma base tecnológica com capacidade para acelerar a transformação industrial brasileira, investindo em segmentos estratégicos como por exemplo, semicondutores, inteligência artificial, biotecnologia e manufatura avançada, e assim reduzir a dependência de importações tecnológicas.
O acesso a crédito, que é dos principais desafios para o fortalecimento e crescimento do setor produtivo, precisa ser observado e o país precisa potencializar o papel do BNDES e de outros bancos públicos como agentes de fomento à indústria:
- Fornecendo linhas de financiamento acessíveis, e de longo prazo, para impulsionar a modernização do parque industrial;
- Estimulando novas empresas a investirem em inovação.
Nesse contexto, como o Brasil tem amplas condições para se tornar uma potência global na chamada “indústria verde”, e setores como o de energia renovável, bioeconomia e produção de insumos sustentáveis podem estabelecer a geração de uma nova base de empregos, aumentando a competitividade e tornando o país referência em desenvolvimento ambientalmente responsável:
- O governo pode incentivar um processo de transição por meio de políticas fiscais e de crédito, facilitando a adoção de tecnologias limpas, mas, sem desperdiçar as oportunidades e conquistas já consolidadas nos mais variados setores da diversificada indústria nacional;
- Sendo essencial, o equilíbrio entre o denominado desenvolvimento sustentável e a manutenção da competitividade da base atual da indústria, na qual o setor de petróleo e gás, responsável por cerca de 15% do PIB industrial e uma das principais fontes de arrecadação do país, ainda terá um papel estratégico na matriz energética nas próximas décadas.
Com políticas equilibradas, é possível reduzir emissões sem comprometer o crescimento econômico, estimulando a inovação tecnológica, investindo e atraindo investimentos para consolidar o país como referência na gestão energética em âmbito global, inclusive no âmbito da energia nuclear, que desempenha um papel estratégico no desenvolvimento sustentável de qualquer nação e no qual o Brasil já tem expertise:
- Mas, é preciso compreender que essa transição deve ser gradual e muito bem planejada, para garantir, não apenas a segurança energética e a geração de empregos;
- Assim como, os investimentos necessários em pesquisa para tornar os combustíveis fósseis menos poluentes e mais duráveis.
Quanto ao aspecto comercial, embora a abertura econômica internacional seja um fator importante para o desenvolvimento nacional, o Brasil precisa estabelecer estratégias para equilibrar as relações comerciais e proteger, com bastante atenção, seus importantes setores estratégicos:
- Acordos comerciais não podem desfavorecer a produção nacional comprometendo a indústria local;
- Mas é preciso pensar em estratégias para incentivar as exportações de produtos industrializados, e não apenas de matérias-primas, para fortalecer a balança comercial do país.
O país viveu, com Lula, durante seus mandatos anteriores, um ciclo de crescimento econômico impulsionado pela exportação de commodities, pelo fortalecimento da indústria e pelo aumento da inclusão social, mas agora, com um cenário global mais competitivo e desafiador:
- O império estadunidense está em declínio e, portanto desesperado, e os entreguistas, vendilhões da pátria, estão cada vez mais desavergonhados;
- Sendo preciso, mais que nunca, adotar medidas estruturais que possam garantir um crescimento sustentável e tecnológico ao Brasil.
O governo Lula precisa ter a clareza que a oportunidade de liderar esse processo de reindustrialização, apesar de todas as dificuldades encontradas, pode ser um marco fundamental para a economia do Brasil, que, inclusive, pode ficar inviabilizada por muitos anos (talvez décadas), caso não se estabeleça uma reação imediata.
A reindustrialização tecnológica e sustentável, não é apenas uma estratégia econômica:
- É uma necessidade para garantir o desenvolvimento independente do Brasil;
- Fortalecendo a soberania, melhorando a qualidade de vida das pessoas, e a capacidade do país de competir globalmente.
Com planejamento e políticas públicas eficazes, o Brasil pode se tornar uma potência industrial independente, reduzindo sua vulnerabilidade econômica e construindo um futuro de crescimento sustentável. Para tanto, além das iniciativas já mencionadas, o governo ainda precisa, entre outras coisas:
- Estimular a formação de mão de obra qualificada, investindo em educação técnica e superior, para garantir a formação de profissionais capacitados para os desafios do futuro;
- E estabelecer marcos regulatórios que incentivem a inovação e criação de programas de incentivo à transformação digital das indústrias.
Em resumo, depende exclusivamente da nossa capacidade enquanto Nação, retomar um projeto de desenvolvimento sustentável e inclusivo e libertar o Brasil das amarras do atual modelo econômico que privilegia o rentismo e a especulação financeira, em detrimento da produção e da geração de empregos.
Com um Projeto Nacional estruturado para o exercício da soberania, o país pode garantir um futuro mais próspero para a sua população, mudar o paradigma da gestão da coisa pública e resgatar os rumos da economia nacional pela força do trabalho, em benefício do desenvolvimento do Brasil.