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Protecionismo Trumpista Desarticula Tripé Neoliberal

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Foto Arte Canal Rural

O protecionismo que o presidente Donald Trump tenta colocar em prática, especialmente, contra os aliados México e Canadá e competidores, como a China, tende a modificar políticas econômicas neoliberais em geral, apoiadas no tripé econômico: metas inflacionárias, superávit fiscal e câmbio flutuante.

As medidas protecionistas trumpistas forçam a desvalorização do dólar, para industrializar e exportar produtos americanos, revertendo déficit comercial, e, em contrapartida, valorizam as moedas dos países concorrentes que exportam para os Estados Unidos, realizando superávits comerciais.

Até o momento, sem o protecionismo no horizonte, os países concorrentes com suas moedas desvalorizadas pelo dólar forte, valorizado, podiam realizar superávits comerciais.

Com essa vantagem, adquiriam condições de cumprir metas inflacionárias, superávit primário e conviver relativamente com câmbio flutuante.

Se deixam de ter condições de exportar, porque o protecionismo leva o governo americano a desvalorizar o dólar, como pagarão seus compromissos assumidos com os bancos internacionais, especialmente, principalmente, americanos, tendo como garantia de solvência os superávits comerciais?

A desarticulação financeira, devido às medidas protecionistas, que apontam a desvalorização do dólar, valorizam, opostamente, as moedas dos países devedores.

Isso contribui para desequilibrar o câmbio em prejuízo dos países exportadores.

Se for mantida a regra do câmbio flutuante, não apenas terão dificuldades para exportar, como, principalmente, para pagar suas dívidas.

Terão, portanto, que promover forte desvalorização e, no limite, maxidesvalorização, para tentar superar o impasse, cujo resultado é aumento exponencial de inflação.

Nesse caso, o combate à inflação descontrolada teria que ser realizado em três frentes: primeiro, arrocho salarial; segundo, cortes mais profundos ainda dos gastos públicos, e; terceiro, privatizações, para pagar dívidas aos credores, ameaçados de calote, se as exportações não se realizarem, diante da valorização relativa das moedas locais frente à desvalorização do dólar, produzida pelo protecionismo.

O câmbio flutuante, na prática, deixa de funcionar.

A instabilidade fiscal se instalaria, se a inflação saísse do controle, o que exigiria ajustamento quanto às metas inflacionárias.

O sarrafo para a inflação não poderia continuar no patamar de 3% ao ano; se, hoje, ele já é considerado irreal, com muito mais razão ficaria impossível de ser alcançado, se for necessário entrar em desvalorização forçada da moeda para vencer as condições adversas.

As metas irrealistas de 3% de inflação ao ano teriam que subir, hipoteticamente, para 8%, 10% ou até mais.

MUDANÇA DE POLÍTICA ECONÔMICA

Rompidos câmbio flutuante e metas inflacionárias, o mesmo ocorreria quanto ao superávit primário, que só poderia ser alcançado, dadas novas circunstâncias extraordinárias, se forem praticadas desestatização selvagem, tipo privatizar Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Petrobrás etc, como, aliás, já pregam os especuladores do mercado financeiro.

Não é à toa, portanto, que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declara que o protecionismo do presidente Trump está chegando para provocar confusão sem sentido.

Politicamente, a desarticulação econômico-financeira previsivelmente provocada pelo trumpismo nacionalista imperialista, radicalizaria o clima político.

Afinal, piorariam as condições de vida dos trabalhadores, com inflação, desemprego, queda das atividades, desestatização, redução dos investimentos, da renda nacional.

O clima político radical mobilizaria as massas e produziria discurso incendiário diante de uma direita fascista que poderia, igualmente, partir para a guerra civil.

Clima revolucionário inevitável é o que pode surgir, se a proposta de radicalização trumpista se aprofundar, o que exigiria radical mudança na atual política econômica, para que também alcançasse perfil nacionalista, de modo a evitar o sucateamento anti-nacionalista radical.

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