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O Brasil na Indústria Mundial: Entre o Potencial e os Desafios Estruturais

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O Brasil ainda figura entre os dez maiores produtores industriais do planeta, mas sua posição tem sido corroída por uma combinação de desindustrialização precoce, perda de competitividade e ausência de uma política industrial robusta nas últimas décadas.

Segundo dados da UNIDO (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial), o país ocupa o 9º lugar no ranking mundial de valor adicionado pela indústria de transformação:

  • Liderando com folga na América Latina;
  • Onde responde por cerca de 30% da manufatura regional.

No entanto, em termos de produtividade, sofisticação tecnológica e inserção nas cadeias globais de valor, o Brasil perde espaço para concorrentes diretos:

  • México, Índia, Indonésia e Vietnã são exemplos de países que vêm ganhando terreno com políticas industriais ativas;
  • Através de custos menores e integração comercial estratégica.

O México, por exemplo, já exporta mais manufaturados que o Brasil, impulsionado por sua proximidade com os EUA e acordos comerciais vantajosos como o T-MEC. Enquanto isso, China e Coreia do Sul consolidam sua liderança com alta tecnologia e escala global.

Além disso, o mais recente estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que o Brasil ocupa a 18ª e última posição em um ranking de competitividade industrial entre 18 países analisados:

  • A principal razão para esse desempenho crítico é a combinação de ambiente econômico desfavorável principalmente relacionado ao valor da taxa Selic;
  • Além da necessidade de melhorar a qualidade da educação e a produtividade reduzida da força de trabalho.

Um dos pontos mais graves — e que merece destaque nesse texto — é justamente o custo do capital no Brasil. Com uma taxa Selic de 14,25% ao ano, as empresas brasileiras enfrentam um dos ambientes de crédito mais caros do mundo:

  • Isso sufoca a capacidade de investimento produtivo, desestimula a inovação e impede a modernização do parque industrial;
  • Em síntese, enquanto países concorrentes oferecem crédito barato para fomentar exportações e tecnologia, o Brasil pune quem quer produzir.

Outro dos principais entraves à competitividade da indústria brasileira é o alto custo da energia elétrica:

  • Segundo a Firjan, o Brasil tem a 6ª energia mais cara do mundo, com custo médio de R$ 402,26 por MWh, 46% acima da média internacional;
  • Além disso, tributos e encargos tornam a tarifa ainda mais pesada e os brasileiros comprometem 4,54% da renda anual com eletricidade, o maior índice entre 34 países – cenário que eleva os custos de produção, reduz investimentos e dificulta a inserção do país nas cadeias globais de valor.

Enfim, o Brasil tem capital humano, recursos naturais e mercado interno robusto:

  • Mas precisa apostar em ciência, tecnologia, inovação e crédito acessível;
  • Visto que, quando se considera o valor adicionado per capita ou a complexidade tecnológica da indústria, o Brasil cai muitas posições, indicando menor sofisticação e produtividade dos produtos – comparado aos concorrentes diretos (como Coreia do Sul, China ou até mesmo o México).

Ou seja, a indústria do Brasil ainda é relevante, mas perdeu dinamismo e participação relativa no cenário industrial mundial, em parte devido à desindustrialização, à falta de políticas consistentes de fomento à indústria e à baixa inserção em cadeias globais de valor.

A retomada de investimentos, como o novo PAC e políticas de reindustrialização, pode ajudar a reverter esse quadro, mas é preciso ir além.

O Brasil não pode mais se contentar em ser apenas fornecedor de commodities ou depender exclusivamente do mercado interno:

  • O país precisa recuperar sua ambição industrial;
  • É hora de uma virada estratégica, com crédito produtivo, energia acessível, investimento em tecnologia e uma política industrial de longo prazo.

Reindustrializar o Brasil não é apenas um objetivo econômico — é uma necessidade histórica. Só com uma indústria forte poderemos garantir empregos de qualidade, soberania nacional e um futuro menos desigual: o tempo de agir é agora!

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