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“Todo dia era dia de índio” — mas agora…

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“Todo dia era dia de índio”, cantava Jorge Ben Jor — uma afirmação poética, uma utopia, contra a corrente da história. A verdade, nua e crua, é que quase nunca foi assim:

  • Primeiro vieram os homens de ferro e cruz e chamaram os donos da terra de selvagens;
  • Em nome da civilização, roubaram-lhes o chão, a alma e a palavra, colonizando-os até a memória, e criaram os mitos do “bom selvagem” — para justificar a culpa — e do “índio preguiçoso” — para legitimar a exploração.

Passaram os séculos, as frentes de expansão, o garimpo, as estradas, os bois. Os projetos “de desenvolvimento” que, no fundo, significavam expulsão, exclusão:

  • Aí veio a Constituição de 88, dizendo que os povos indígenas têm direito às suas terras;
  • Mas o papel, no Brasil, costuma resistir muito mais do que o mato e o sangue.

Agora, em pleno século XXI, parece que a história se repete, como um looping. Em meio a drones e discursos disfarçados e “polidos”:

  • Grileiros e políticos se orgulham de querer “integrar” os indígenas;
  • Como se estes fossem peças soltas de uma engrenagem moderna – e viver de outro modo fosse uma falha, uma aberração.

Mas há também exageros, é verdade. E situações muito importantes que precisam ser observadas. Algumas “falas” que se auto intitulam ser pelos povos originários, apenas os instrumentalizam como símbolos políticos. Como se todo indígena fosse igual, e pensar diferente da narrativa que querem tratar como oficial fosse traição à causa:

  • Caciques são acusados de “não representar de verdade seu povo” só porque discordam de ONGs ou governos, enquanto outros vão sendo usados de forma manipuladora;
  • Determinando um novo tipo de silenciamento e de discurso que surgem travestidos de proteção — como forma de controle de narrativas — deturpando o diálogo e a autonomia dos próprios povos indígenas.

Em outras palavras, certos movimentos e organizações pseudoambientalistas que se dizem defensores da floresta e dos povos indígenas, na prática operam a serviço de interesses externos:

  • Gritam por preservação, camuflando a intenção de usurpar do Brasil o legítimo direito de usar seus próprios recursos para se desenvolver;
  • Impedindo obras estratégicas de infraestrutura – travestindo boicotes em ativismo – atuando, na verdade, para manter vastas áreas do nosso território sob tutela informal de fundações estrangeiras, como se o país não tivesse direito de exercer sua Soberania.

É preciso ter clareza disso e romper, imediatamente, com esse falso dilema entre progresso e preservação.

O Brasil tem o direito — e o dever — de se desenvolver, mas, de maneira alguma, isso significa desrespeitar quem esteve aqui muito antes da palavra “Brasil” existir:

  • Os povos indígenas não são obstáculos ao futuro;
  • Na verdade, são parceiros potenciais de um modelo mais justo, inteligente e sustentável de crescimento no contexto onde estão inseridos – uma forma de gestão do progresso que não os apague, seja de forma histórica ou até mesmo fisicamente.

Há formas de construir energia, estradas, comunicação, saúde e educação que contemplem as especificidades culturais, territoriais e espirituais dos povos originários:

  • Há tecnologia e conhecimento científico brasileiros capazes de dialogar com o saber ancestral;
  • Criando soluções únicas, tropicais, alvissareiras e genuinamente brasileiras.

Enquanto atacam qualquer tentativa de desenvolvimento com responsabilidade, certos grupos fecham os olhos para o garimpo ilegal incentivado pelo abandono, para a miséria em aldeias isoladas, para a manipulação de comunidades por projetos de poder que pouco se importam com os indígenas de verdade. Enquanto isso, os Yanomami, os Guarani Kaiowá e tantos outros ainda choram seus mortos pela fome, pelo mercúrio, pela bala, etc.

Em síntese, no contexto desse debate, faltam respeito e escuta, e sobram promessas, ameaças, e muita manipulação e confusão.

Mas os povos indígenas seguem resistindo. À sua maneira, com suas línguas, suas danças, suas lutas, ensinando a nós outros brasileiros o que é viver em harmonia com a terra muito antes de alguém cunhar o termo “sustentabilidade”.

Talvez seja essa a verdadeira ameaça que representam: estabelecer um modo de vida no qual não cabe o lucro desenfreado, alicerçado por um modelo de convivência predatória com o meio ambiente, mas que, de forma alguma, se contrapõe à proposição de um modelo sustentável de desenvolvimento:

  • Ou seja, uma ameaça não aos brasileiros;
  • Mas aos interesses daqueles que preferem ver o Brasil fragmentado, tutelado e dependente.

O Brasil precisa olhar para o espelho da floresta e perguntar com sinceridade:

Quem está mesmo do nosso lado? E quem apenas finge estar?

Mais do que isso: é possível — e urgente — fazer do respeito aos povos indígenas uma força viva do nosso desenvolvimento. Sem interferências externas e no pleno exercício da nossa Soberania. Não como um mero território tutelado, cujo destino se restringe a servir como fornecedor de matérias primárias para o pleno desenvolvimento alheio. Nem tampouco, como um passado congelado, mas como um dos alicerces de um futuro genuinamente nosso: Criativo, Pujante, Soberano — enfim Respeitado.

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