Foto Agência Brasil
O Papa Francisco assumiu, como o novo Cristo, no século 21, entre 2013-2025, a causa dos socialmente excluídos, vivendo na simplicidade de um socialista na suntuosidade da riqueza do Vaticano.
Dedicou seu papado à defesa dos imigrantes, das mulheres, dos homossexuais, dos índios, enquanto atacou a corrupção na sua casa católica, a pedofilia na Igreja, as guerras imperialistas e animou a discussão do fim do celibato, que promete continuar com o próximo papa, seja qual for.
Francisco arrombou a porta da hipocrisia e do crime comum e financeiro, encoberto pelas paredes de ouro e das obras de arte do maior patrimônio universal acumulado, como exposição da riqueza como aparência, vivendo a simplicidade de um monge.
Francisco foi o exemplo dos pobres de pés descalços da América Latina habitando na suntuosidade erguida pela religião católica, que, no Vaticano, como expressão do Estado religioso, comungou com os capitalistas para explorar os povos da periferia colonizada, tal como fizeram, e ainda fazem, as potencias estrangeiras.
Foi um estranho no ninho da falsidade, da prepotência e da arrogância religiosa, que encarna na terra os mandamentos do Deus dinheiro.
O papa argentino colocou os pobres no trono do poder para mostrar que expressou o discurso de Jesus Cristo ancorado na pregação do venha a mim os pequeninos, os frágeis e os necessitados, lembrados, apenas, em discursos falaciosos.
Ao fazer isso, recuperou, parcialmente, a impopularidade que alcançou a Igreja Católica, ao colocar em segundo plano, ao longo do século 20, os excluídos dos benefícios da riqueza super acumulada pelo capitalismo monopolista de guerra.
Sobretudo, atuou para eliminar diferenças entre as diferentes religiões e suas visões exclusivistas que julgam ser credoras legítimas dos ensinamentos de Deus escritos pelos homens nos cadernos bíblicos ao longo dos milênios.
Expôs o peregrino argentino, com toda a finura, a ideologia religiosa, evidenciando que, na maioria das vezes, atua para oprimir o ser humano, na tarefa de sacar riquezas alheias, abençoadas nas missas dominicais.
FASCISMO QUER SENTAR NO TRONO DE PEDRO
O fascismo ronda o Vaticano, neste momento, interessado em levar para lá o avesso do cristianismo, em face do avanço das guerras, bancadas por orçamentos públicos, dirigidos pela volúpia imperialista do dinheiro.
O presidente Donald Trump, que exercita o mandonismo no maior império militarista jamais visto na terra, diz, no momento em que Francisco sai de cena, que sua missão maior é transformar os Estados Unidos numa pátria profundamente religiosa.
Falsidade ou não?
O chefe da Casa Branca diz isso cuidando de destruir o que o Papa condenou: perseguição aos imigrantes, cujo papel na construção histórica do estado americano é central.
Enquanto Francisco pregou a solidariedade, Trump pratica a perseguição e a destruição, acirrando a luta de classe.
Quer a América Latina para transformar-se em depósitos de presos imigrantes administrados por gestores falsamente democratas comandados pelo império com o dinheiro da indignidade imperial.
É certo que Trump diz esforçar-se para parar uma guerra – na Ucrânia –, mas ao mesmo tempo aprova orçamento trilionário para manter outra guerra, o genocídio dos palestinos no Oriente Médio pelos sionistas herdeiros de Hitler.
Portanto, não dá para acreditar na sinceridade de Trump, ao passo que Francisco doou sua vida à causa dos mais pobres, transformando-se no representante destes, colocados na marginalidade direcionada pelos interesses do dinheiro.
Francisco buscou, na prática, transformar a religião católica na comunhão dos marginalizados para se proteger da exploração capitalista.
No Vaticano, seus maiores inimigos foram os falsos religiosos oriundos das grandes potências, os que, agora, já se encontram em campo para colocar no lugar dele os seus antípodas.
MISSÃO INTERROMPIDA
Uma coisa, no entanto, Francisco não conseguiu, plenamente: construir, ou melhor, reconstruir as bases políticas das fortalezas eclesiais de base, sintonizadas com os mandamentos socialistas de Cristo, conforme marcaram a igreja da libertação pela pregação do discurso social.
As forças conservadoras não o deixaram caminhar nesse sentido, especialmente, os representantes dos Estados Unidos e da velha Europa eurocêntrica, crente na sua superioridade racial, para conduzir a humanidade.
Os conservadores retomam seus esforços nesse sentido, mas não têm triunfos nas mãos, pois, como representantes do mundo ocidental estão sintonizados com a economia de guerra que mantém a humanidade dividida.
A cereja do bolo na sucessão de Francisco será a de se verificar se seu sucessor seja aquele – quem sabe um africano ou um asiático – comprometido com a ressurreição da força da razão combinada com a compaixão.
Seria a forma de impedir o triunfo do fascismo trumpista que usa a religião para esconder seus desígnios malignos.