Desde o início de seu pontificado, o Papa Francisco operou uma revolução silenciosa e profunda no coração da Igreja Católica:
- Não uma revolução de ruptura, mas de retorno;
- Um retorno à figura de Jesus Cristo como centro absoluto da fé, da doutrina e da prática eclesial.
Com Francisco, o cristianismo reencontrou sua fonte viva: o Cristo redivivo, não apenas no dogma, mas na vida concreta dos fiéis e na missão da Igreja no mundo.
Ele não foi um papa teórico, nem um administrador burocrático da fé:
- Foi, antes de tudo, um pastor que insistiu em colocar os pobres, os marginalizados e os feridos da sociedade no centro das atenções;
- Exatamente como fez Jesus de Nazaré.
Ao invés de reforçar estruturas de poder ou dogmas abstratos, ele nos chamou à compaixão, à misericórdia, ao amor ativo.
Sua famosa frase “prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, do que uma Igreja enferma pelo fechamento e pela comodidade” revelou esse desejo ardente de uma Igreja viva, encarnada no sofrimento humano, como foi o próprio Cristo.
Essa centralidade de Jesus, resgatada por Francisco, não se traduziu em discursos vazios: ela se expressou em gestos concretos, nos encontros com refugiados, nos apelos pela paz, nas críticas ao neoliberalismo selvagem que “mata” e nos chamados à vida em partilha.
Francisco atualizou o Evangelho com coragem e coerência, reavivando o Cristo como modelo não apenas de fé, mas de ação:
- Mais do que resgatar a figura de Cristo, o Papa Francisco ressignificou sua presença;
- Com ele Jesus não foi um símbolo estático de altar, mas um guia prático para transformar o mundo.
Denunciou a religião que se alia ao poder, que marginaliza os diferentes, que esquece o amor em nome da norma. Ou seja, em sua visão, seguir a Cristo era caminhar com Ele nas periferias da existência, era ver Deus no rosto do excluído, era fazer da fé um ato político no sentido mais nobre: pela construção de um Reino de justiça e paz.
Por isso, falar em “Cristo redivivo” na era Francisco é reconhecer que a Igreja, sob sua liderança, redescobriu a radicalidade do Evangelho. O Cristo vivo que ele propôs não foi apenas o ressuscitado que venceu a morte, mas o que continuou a viver em cada gesto de ternura, em cada luta por dignidade, em cada ato de amor.
Francisco nos reconectou ao que há de mais essencial no cristianismo original — Jesus em sua forma mais humana, revolucionária e transformadora.
Nesse sentido, Francisco não foi apenas um pontífice do presente. Ele foi uma ponte entre a memória viva de Cristo e o futuro da fé. Seu maior legado é ter nos lembrado que, sem Cristo no centro, a Igreja perde sua alma. Mas com Cristo — o Cristo redivivo — ela reencontra seu verdadeiro caminho que jamais deveria ter abandonado: o serviço, a esperança e o amor sem medidas ao mundo e ao próximo.