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Retrocesso Anti – Francisco Criaria Cisma Católico Global

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Foto Agência Brasil

A probabilidade de ser eleito um novo Papa anti-Francisco é difícil, sabendo que ele escolheu, entre os que elegerão seu sucessor, uma maioria de 108 entre 136 cardeais.

Franciscus não era um neófito em política, sabendo do seu passado peronista, nacionalista, uma das maiores escolas políticas da história latino-americana.

Perón, como Getúlio Vargas, dedicou sua vida ao nacionalismo e às causas sociais, criando uma corrente política que domina os destinos da Argentina, embora convivam dentro do peronismo uma miríade ideológica, que vai de um extremo ao outro da política nacional, sempre se equilibrando num centro, oscilando, historicamente, para a esquerda ou direita.

O golpe militar que mergulhou o país na ditadura neoliberal, entre 1976-1983, contribui para colocar os discípulos de Perón em antagonismos radicalizados.

O religioso argentino, que se tornaria futuramente Papa em Roma, fez ginástica política para conviver com os militares, no interior de uma Igreja Católica, conduzida pelo conservadorismo, mas jamais deixou de dar assistência aos perseguidos pela ditadura, mesmo correndo risco de vida.

Essa resistência política peronista Bergoglio levou para Roma, onde o neoliberalismo reaganiano conduziu ao Papado o anti-comunista polonês, João Paulo II, inimigo da União Soviética.

O anticomunismo de João Paulo II comprovaria a dominação neoliberal capitalista americana, que levaria a Igreja Católica à convivência com a corrupção extrema dentro do Banco Ambrosiano, envolvendo-o, de corpo e alma, na financeirização especulativa, o domínio da usura, maior responsável por desmoralizar o catolicismo no mundo.

Bento XVI, sucessor de João Paulo II, não suportaria a maré montante neoliberal que afundou a fé católica no pântano da corrupção e levou à fuga dos fiéis, decepcionados com os rumos da Casa de Pedro.

O Papa alemão se sucumbiu à impossibilidade de resistir, politicamente, à onda de corrupção neoliberal, pós guerra fria, que fortaleceu as bases conservadoras do Vaticano, tornando-as, aparentemente, inexpugnáveis.

O Vaticano se transformaria na extensão do poder de Washington, embora jamais tenha alcançado o reino de Roma um Papa americano.

Por trás do poder, nos bastidores, no entanto, a força do capital financeiro especulativo de Wall Street invadiu os ares da ortodoxia religiosa cercada de belas obras de artes que habitam as capelas e igrejas na Praça de São Pedro.

Foi nesse contexto, que, em 2013, Bergoglio se transformaria em Papa Francisco, para ocupá-lo até 22 de maio de 2025.

AMÉRICA LATINA COMANDOU VATICANO

Chegaria à suntuosidade com os pés descalços o primeiro latino-americano ao posto máximo do catolicismo.

Teve que ousar e abraçar a causa dos socialmente excluídos em todos os sentidos em sua condição de peronista nacionalista.

Reformou as bases do poder católico, ampliando o colégio de cardeais, que agora terão a responsabilidade de escolher seu sucessor.

Se este for a sequência do reformador argentino, que, no cargo, jamais voltaria a sua pátria, para não produzir polaridades ideológicas radicalizadas, por envergar a chama nacionalista peronista – face avançada do progressismo político latino-americano –, novos passos darão o catolicismo rumo a renovações mais amplas.

Aprofundará a reforma social no cenário capitalista financeirizado em crise.

Porém, se vencerem as alas conservadoras, para tentar reverter as conquistas alcançadas, mas contestadas, por Franciscus, é de se esperar grande cisma católico.

Com o Papa argentino, a Igreja Católica recupera sua fase de desmoralização ética profunda por ter se sucumbido ao neoliberalismo em colapso, contestado, principalmente, pelo imperador Donald Trump.

Afinal, Trump renega o modelo neoliberal por ter se transformado no funeral da industrialização americana perdida no jogo especulativo globalizado.

Sobretudo, o Papa Francisco, em sua posição política progressista, ao dar preferência à causa dos mais pobres, num mundo da superacumulação de capital, que destrói taxa de lucro, no compasso da desigualdade social global, fortalece o discurso da integração econômica latino-americana, ameaçada pelo nacionalismo protecionista trumpista, que joga a humanidade na incerteza total.

A integração latino-americana, portanto, requer a continuidade do discurso de Franciscus para intensificar a mobilização política antineoliberal de defesa da democracia com cores vivas do ideal socialista que animou o espírito peronista do papa argentino.

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