O partido Liberal, de esquerda, derrotou nesta segunda-feira o partido Conservador nas eleições canadenses.
Antes da posse de Trump, havia amplo favoritismo dos conservadores.
As bravatas de Trump irritaram os canadenses e viraram o jogo.
Mark Carney se firmou como o primeiro-ministro.
Pierre Polieve, o líder conservador, perdeu a eleição e sua cadeira no parlamento.
Polieve é o típico conservador que idolatra o mercado.
Para ele tudo é oportunidade para cortar gastos e cortar impostos — inclusive a pandemia da COVID.
Carney ocupava o cargo desde a renúncia de Trudeau, do partido Liberal, do cargo de Primeiro Ministro.
A renúncia se deveu à impopularidade do seu governo.
A plataforma eleitoral de Carney era de forte oposição a Trump e aos EUA.
Tive ótima impressão de Carney quando ele foi entrevistado por Jon Stewart em 14 de janeiro.
A entrevista está no YouTube.
Apesar de ter sido presidente do Banco Central da Inglaterra e do Canadá, Mark tem ideias progressistas.
Ele defende o Estado de Bem-Estar Social e regulação do sistema financeiro.
Na entrevista, Mark Carney confirmou ser ele, como presidente do BC canadense, o responsável por não permitir no Canadá os ativos tóxicos que derrubaram a economia americana em 2008.
Segundo Carney, os derivativos financeiros inventados pelos banqueiros americanos sequer faziam sentido.
A Netflix tem um filme muito bom sobre o assunto, A Grande Jogada(The Big Short), com grande elenco, que retrata história verdadeira.
O filme é baseado no livro do mesmo nome, de Michael Lewis, que li anos atrás.
Carney disse que os EUA importam por dia quatro milhões de barris de petróleo do Canadá, o que representa 60% das importações de petróleo daquele país.
E que a alternativa, considerando a demanda das refinarias americanas, era a Venezuela.
Pois é, e tanta gente achando que o interesse americano naquele país era a defesa da Democracia…
Ao contrário de Trudeau, Carney denunciou o massacre de Gaza.
O Canadá deixou de ser o vizinho amigão dos EUA.
Agora os americanos têm dois vizinhos que o desafiam.
Mais uma bela obra involuntária do meu amigo Trump.
Petronio Filho