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A Bugatti, por Coluna do Rubens Gennaro

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Original em: https://hojepr.com/coluna-gennaro-a-bugatti/

O casal Pietro Casiraghi e Eleonora Mantovani saiu de Palermo Itália para à América.

Eram da nobreza local siciliana.

Naqueles primórdios, da Primeira Guerra Mundial o bloqueio naval no entorno, da antiga Magna Grecia , não era tão eficiente.

Então puderam subir, ao Vapor Alessandria que viria à América.

Portavam valiosos pertences junto à suas malas e baús.

Dentre estes a sua novissima macchina Bugatti.

Destino seria New York.

Mas o navio, por motivos da guerra naval, rumou ao Sul para o Rio de Janeiro.

Em seguida aportaram em Paranaguá.

Neste Porto foram vítimas dos piratas locais.

Tudo roubado exceto a Bugatti e dois baús de roupas.

Permaneceram alguns dias em Morretes, auxiliados por famílias italianas alí radicadas.

Eram nobres agora sem dinheiro, foram acolhidos pelos camponeses vênetos ali radicados, entre aqueles morros esverdeados e azuis.

Plenos de palmeiras , bananeiras e farinhas de mandioca.

O calor excessivo e os mosquitos fizeram o casal pegar o Trem e subirem a Serra para Curitiba.

A Bugatti chegou, em Curitiba provocando sensações. Instalaram-se em uma hospedaria próxima ao Passeio Público.

Para o casal arruinado; o Hotel Tassi era muito caro.

O nobre casal, sem dinheiro e perspectivas de trabalho.

Seria auxiliado por Associações de Italianos radicados em Curitiba.

Aos poucos iriam aprendendo o português curitibano para se comunicarem.

Decorridos alguns meses iniciar-se-iam ,nos negócios alimentares.

Moinho de farinha de trigo foi um primeiro emprego.

Pietro participava da preparação do Trigo que subia de Antonina e Paranaguá para a moagem.

Após meses de trabalho, acumularam dinheiro e em seguida, conseguiram abrir sua Cantina.

“ La Fiorella” que tornar-se- ia um sucesso gastronômico.

Os dotes culinários de Eleonora eram suplantados por seus dotes vocais e beleza escultural.

Pietro era o Garçon chefe e tb o caixa da Cantina.

Eleonora na cozinha.

Exuberante também como cantora de árias.

A maioria dos clientes masculinos fazia questão de visitá-la entre as panelas e suores do fogão a lenha.

Entre almoços e jantares na Cantina La Fiorella os poderosos senhores do Estado multiplicam-se como seus assíduos clientes.

Alguns poetas e artistas viriam provar o vinho e o limoncello delicioso de Eleonora.

Este, motivo de alguns poemas espargidos nas vielas do Passeio Publico.

Eis que surgem garrafas de Absintho.

Políticos e senhores ervateiros, poetas e jornalistas da época” saem voando sobre as árvores, outros mergulham nas águas e nadam entre as carpas coloridas, do Passeio Publico” para o espanto de macacos, felinos e aves do local.

Efeito do Absintho.

O Absintho de Eleonora Mantovani torna-se, a bebida favorita dos senhores da Elite Curitibana.

Não mais tostões.

Agora são Mil , Milhares de Réis.

As moedas da Republica Brasileira enchem os bolso do Casal Siciliano.

Muitos brindam à Memória do Marechal Floriano Peixoto.

Recitam poemas de Olavo Bilac.

Benzem-se com o sinal da Cruz.

Pietro lhes fala de um tal de Enrico Caruso.

Lhes declama um tal de Gabrielle D´Annunzio.

Almoços e Jantares, vinhos e sobremesas sedutoras no “La Fiorella” interagem e respingam, em alcovas e cafofos da Rua Riachuelo.

Eleonora canta suas árias no Theatro Hauer situado na esquina das ruas Mateus Leme com a Rua 13 de Maio.

Ela quer exibir-se, no afamado e novo Theatro Guayra, situado ao longo da ladeira da Rua Nova, atual Dr . Muricy. Todavia a bela e encantadora mulher, não supera a burocracia cultural do Theatro e seus mentores parnasianos.

A carreira artística da augusta siciliana parece refluir.

A Bugatti que ficara, algum tempo estacionada, torna-se o atrativo sedutor do Casal.

Convivas são levados a passear pelas ruas de Curitiba nesta carruagem de pneumáticos envolta em metais avermelhados.

Com uma mulher ao volante.

O Presidente do Banco da Provincia após inúmeros passeios na Bugatti , estes passeios que terminariam, em deliciosos pic nics afrodisíacos, nas barrancas e gramados macios ao redor do Rio Atuba, apaixona-se por Eleonora.

Assim o casal siciliano obtém , um volumoso empréstimo bancário, sem avalista; para expandirem seus negócios nestas terras dos pinheirais.

O Presidente do Banco Provincial o faz; “ in pectoris”.

E para comemorarem o empréstimo bancário , o Casal de Sicilianos , convocam e ou convidam os amigos e clientes para um Churrasco de lebres, com iguarias e quitutes italianos, no “ La Fiorella”

No entanto, não há lebre ou coelhos disponíveis no mercado.

A solução é prepararem a comilança com gatos.

Felinos são abatidos nas redondezas da Cantina, por tiros certeiros da “ lupara” de Pietro Casiraghi exímio caçador noturno.

Gatos angorás, siameses, persas, gatos pardos, brancos, malhados sucumbem, na noite anterior ao grande churrasco.

Gatos de madames, senhoras, padres, juízes, bancários, gatos de garotinhas etc… desaparecem sucumbem aos balaços do siciliano.

Estarão escalpelados e bem cozidos nas panelas sacrossantas da cozinha do “ La Fiorella”.

Em total sigilo os gatos serão servidos como lebres e ou coelhos.

Acontecerá, um esplendoroso jantar ,onde dezenas de pratos exuberantes de “coelhos” ensopados, gratinados, assados; serão servidos, por garçons e garçonetes contratados.

Ao final do jantar. Sobremesas exóticas.

Flambadas e vaporosas.

Vinhos.

Limoncellos.

Discursos e leituras poéticas.

Volumosas quantidades de Absintho da Anfitriã.

Levararão ao delírio vários convivas poderosos.

A festa atravessará sábado e domingo.

Nas madrugadas se enlaçam, em danças, abraços e beijos voluptuosos.

A luxúria expande-se por aposentos anexos.

Gritos e Sussurros no Festim .

A Curitiba oficial e cândida jamais saberá do ocorrido.

Na manhã da Segunda feira, Pietro e Eleonora dirigem-se, ao caixa da Agência Bancária da Provincia na Rua XV de Novembro e sacam, em espécie, todo o dinheiro do empréstimo bancário. São malas de dinheiro.

Adentram sua Bugatti com o que é possivel transportarem, de roupas e malas.

E rapidamente se deslocam, rumo ao Leste e descem a Estrada da Graciosa para o Litoral.

Chegaram no outro dia ao Porto de Paranaguá.

Registros portuários indicam , que subiram a bordo de um Vapor chamado “ Speranza” com destino à Montevideo ou Buenos Aires.

Nunca mais Paraná.

Nenhuma Polícia à sua procura.

O Presidente do Banco da Provincia beberá veneno. Formicida Tatú.

No Cais do Porto ficou a Bugatti. Que seria corroída pelo oxidação ao longo do tempo.

Eu ainda a consegui ver e aquarelar.

Sigo , sem entender a razão do ditado popular “Trocou Gato por Lebre”.

Ou será Bugatti por Lebre?!?

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