Foto Agência Brasil
A missão fundamental da nova Ministra da Mulher, Márcia Lopes, é, sobretudo, política e ideológica: promover campanha nacional de sindicalização das mulheres para lutarem, ao lado dos homens, igualmente, explorados pelo capital, pela volta do imposto sindical como instrumento de mobilização de classe, criado pela revolução nacionalista de 1930.
Nessa tarefa, claro, as mulheres estarão, lado a lado, dos homens, seus parceiros de vida e de luta, para recuperar e reconquistar o que o modelo neoliberal roubou dos trabalhadores, durante o golpe de 2016, destinado a derrubar a primeira mulher brasileira, filiado ao Partido dos Trabalhadores, que ascendeu, democraticamente, ao poder: Dilma Rousseff.
Com a queda de Dilma, articulada pelas forças conservadoras internas, aliadas do poder imperial americano, interessado em inviabilizar a consolidação política do poder feminino no Brasil, o neoliberalismo introduziu, no país, a alienação do movimento identitarista.
O neoliberalismo disseminou, a partir das potências econômicas hegemônicas, a polarização masculino x feminino, como forças não equivalentes, de modo a evitar sua união e consolidação como força política em prol da soberania nacional.
Embora as mulheres sejam maioria do eleitorado nacional e decisivas quanto ao destino do poder político pelo critério quantitativo da disputa eleitoral, foram objetos de alienação programada ideologicamente.
A ideologia alienante de gênero se estruturou, especialmente, durante o fascismo bolsonarista, como antídoto à luta de classe, de modo que as mulheres não se enxergassem como agentes da luta de classe, no cenário do capitalismo, vítimas, tanto quanto os homens, da exploração do trabalho, pela extensão sem limites da jornada de trabalho.
Isolando-as, do ponto de vista ideológico, conforme ideologia de gênero, para se ver não como agente de luta de classe, na condição de trabalhadoras, no embate com o capital que a explora – assim como ocorre em relação aos homens –, mas como concorrente dos seus parceiros – os homens –, as mulheres caíram no conto do vigário capitalista, adversário do sentido de unidade política dos dois gêneros.
ALIENAÇÃO CAPITALISTA
Teriam a sua afirmação humana, em primeiro lugar, não como trabalhadoras, exploradas, no modo de produção burguês, pelo capital, mas como feministas, subordinadas, nessa condição, aos homens, não aos capitalistas, interessados nessa separação – masculino x feminino –, para facilitar a exploração de ambos por uma mesma causa: o lucro do capital.
Historicamente, essa artimanha dos capitalistas é pura farsa, sabendo que nos primórdios do desenvolvimento industrial, o capital jamais fez essa diferenciação entre os dois gêneros.
Viam-nos como força de trabalho a serem exploradas, impiedosamente.
Os capitalistas industriais cuidaram de explorar homens e mulheres – bem como as crianças – com a mesma intensidade, tendo como base de exploração o trabalho não pago (mais valia) pelo prolongamento da jornada de trabalho, como fator principal da acumulação capitalista.
Ambos, homens e mulheres, no processo de produção de mercadorias destinadas à comercialização no mercado, mediante lucro crescente, em escala exponencialmente, são indiferenciados pelo capital.
O interesse dos capitalistas em antagonizar homens e mulheres, por meio da exploração do trabalho, confere às mulheres, pela sua condição feminina, situação de inferioridade, como argumento para ganhar salários mais baixos, dadas suas condições objetivas de procriadoras da humanidade, como se tal condição as desvalorizassem, em vez de valorizá-las no processo de trabalho.
Ora, haveria procriação da mão de obra, que faz a riqueza do capital na exploração capitalista, sem a mulher, multiplicadora do exército industrial de reservas, utilizado como fator de redução do salário, no processo instável de multiplicação ou diminuição de riquezas, no ambiente alienante da propriedade privada, potencializada pela ganância?
LUTA DO MOMENTO: DEBATER REVOLUÇÃO DE 1930
Portanto, a luta essencial da nova ministra Márcia Lopes, que destacou no seu discurso de estreia, a necessidade de diminuir a violência contra as mulheres, é organizar política e ideologicamente o universo feminino brasileiro, majoritariamente a pesar na balança da decisão politico eleitoral, para, junto com os trabalhadores masculinos, o essencial: a emancipação política dos trabalhadores.
O trabalho começa pela defesa da remoção da contra reforma trabalhista, que os neoliberais, conduzidos pelo poder imperialista de Washington, implementaram com o golpe de 2016, para arrochar salários e destruir as conquistas sociais alcançadas pela Revolução de 1930, sob comando de Getúlio Vargas, base central da emancipação do trabalho frente à exploração do capital, no Brasil.
O primeiro ato dos neoliberais foi destruir o imposto sindical, com o qual os trabalhadores dispunham de fundo financeiro para bancar suas lutas emancipatórias.
Baseado na cobrança correspondente a um dia de salário por ano do trabalhador contratado em carteira profissional, a partir da qual se alinham seus direitos fundamentais emancipatórios como classe social, o imposto sindical foi, como disse Darci Ribeiro, a obra genial de Vargas.
Com ele, organizou a classe trabalhadora rumo às suas conquistas, caminhando das mais simples, para as mais complexas, no processo de conscientização política da luta do trabalho contra o capital que o explora.
O fim do imposto sindical, que, historicamente, foi, equivocadamente, combatido pelo Partido dos Trabalhadores, na sua tarefa de antagonizar o Varguismo, conduzida pela alienação das elites interessadas na divisão dos trabalhadores entre si, para melhor dominá-los, é o norte da luta dos trabalhadores, homens e mulheres.
Sem a união de trabalhadores e trabalhadoras pelo restabelecimento do imposto sindical, base para recuperação dos direitos trabalhistas, roubados pela política neoliberal, continuará predominando o discurso alienante que as elites construíram, do identitarismo alienante.
Essa estratégia do capitalismo tupiniquim alienante, para firmar falso entendimento de o Brasil é país machista, sem qualificar que o machismo, é, sobretudo, expressão da fraqueza dos homens, sucateados pela exploração capitalista, que retira deles a capacidade se verem como humanos na relação de equivalência com as mulheres etc.
A luta, portanto, é, essencialmente, política, do capital contra o trabalho, que exige dos trabalhadores, homens e mulheres, a visão comum da unidade na luta contra o instrumento fundamental que os explora pela predominância da propriedade privada sobre a propriedade coletiva, socialista.
A ministra Márcia Lopes, portanto, tem diante de si o desafio de convocar a união de homens e mulheres trabalhadoras para reconquistar o que o capitalismo neoliberal tomou com a mão grande: o imposto sindical, base das conquistas trabalhistas que a revolução de 1930 alcançou.
Estudar e debater a Revolução de 1930 é o ponto central da luta pela soberania nacional.