Foto Agência Brasil
A insistência do Banco Central em perseguir a meta de inflação de 3%, conforme determinada pelo Conselho Monetário Nacional, expressa na Ata do Copom, exigirá maior austeridade fiscal, na medida em que ela reconhece que a guerra tarifária, declarada pelo presidente Donald Trump, tornou o panorama econômico mundial mais incerto.
As pressões inflacionárias provocadas pelo protecionismo trumpista viram barreira intransponível para o alcance da meta inflacionária de 3% ao ano, que o BC insiste em perseguir, razão pela qual o Copom continuará pressionando, pelo mercado financeiro especulativo, por corte de gastos sociais, para alcançá-la.
Isso se fará, conforme reconhece a Ata do Copom, à custa da desaceleração da economia que o aumento da taxa de juro em 0,5%, na semana passada, ajuda a manter.
Dessa forma, como as previsões gerais, no mercado interno e internacional, são de que a guerra tarifária imperialista trumpista produzirá pressão inflacionária, a atitude frente a esse movimento pelo Banco Central – tanto americano, como brasileiro, que o segue – deverá ser de caráter reativo-preventivo.
Todo mundo com pé no freio.
Em tal contexto de expectativa, marcada por temor, a previsão contida na Ata do Copom revela otimismo relativo.
Ela destaca “uma Selic significativamente anticíclica por tempo prolongado”, previsão essa que dependerá, sobretudo, do andamento das incertezas decorrentes da guerra tarifária trumpista, cujo resultado não pode ser previsto a priori, conforme alertam analistas nacionais e internacionais.
Ela seguirá anticíclica, se os efeitos da guerra tarifária não refletirem pressão inflacionária, temor geral nos mercados.
INCERTEZA GENERALIZADA
Se, ao contrário, refletirem, continuarão as pressões pela alta da taxa de juro como remédio ortodoxo de combate à inflação, adotado pelos bancos centrais, submetidos ao tripé econômico neoliberal: no caso brasileiro, metas inflacionárias apertadas(3%), câmbio flutuante e superávit primário(receitas menos despesas primárias, exclusive pagamento de juros da dívida pública, despesas financeiras, que já alcança desembolsos orçamentários que se aproximam de R$ 1 trilhão/ano.
Dessa forma, a pressão inflacionária, somente, diminuirá se a guerra tarifária for interrompida por meio de um acerto entre os governos americano e chinês, em negociação iniciada a partir dessa semana.
Em outras palavras, a pressão inflacionária mundial dependerá da capacidade da China de reverter a guerra tarifária desencadeada por Donald Trump, que elevaria a inflação e os juros, nos Estados Unidos, com reflexo inevitável no Brasil e nos países latino-americanos em geral, cujos bancos centrais seguem orientação do Banco Central americano, no cenário da financeirização econômica global.
A estabilidade financeira global dependerá, portanto, da China, que reverte, nesse momento, a política protecionista trumpista para combater déficit comercial dos Estados Unidos, que virou fator de instabilidade monetária a levar os agentes do mercado financeiro global a uma corrida para venda de títulos do tesouro americano, temerosos de bolhas financeiras incontroláveis.
A economia mundial, depois do trumpismo protecionista, está no fio da navalha.