Enquanto o Brasil tenta retomar seu caminho de crescimento sustentável, uma antiga e recorrente resistência volta à tona: a valorização do Salário Mínimo.
Em meio à melhora dos indicadores econômicos, com a inflação sob controle, o aumento da arrecadação e a redução do desemprego, a proposta de reajustes reais ao Salário Mínimo é — de forma completamente insensata — tratada por setores do mercado financeiro como uma ameaça: como se garantir o mínimo à base da pirâmide social fosse um risco maior do que sustentar uma taxa Selic estratosférica.
Por trás dessa lógica, está uma visão distorcida de economia que vê o trabalhador apenas como custo e não como sujeito central do processo de desenvolvimento do país:
- Além disso, o Salário Mínimo no Brasil não tem apenas um valor simbólico – ele serve como referência para benefícios sociais – tais como aposentadorias e a determinação do piso salarial de milhões de trabalhadores;
- Tendo, sua valorização real, impacto direto na redução da pobreza;
- E também no estímulo à economia interna – visto que, quem ganha Salário Mínimo consome praticamente tudo o que recebe.
Desde 1940, quando o Presidente Getúlio Vargas instituiu o Salário Mínimo como parte de sua política trabalhista, a história brasileira mostrou o poder transformador dessa política:
- Cujo valor inicial correspondia a uma jornada legal de 8 horas;
- E buscava garantir condições mínimas de sobrevivência digna.
Já em 1954, quando Getúlio promoveu um reajuste expressivo de 100% no salário mínimo, desafiando frontalmente os interesses das elites econômicas:
- Essa medida gerou forte oposição da burguesia e da imprensa conservadora – desencadeando um movimento opositor que culminou com o seu suicídio;
- Contexto em que Getúlio pronunciou uma frase célebre que permanece atual – “como é difícil fazer a burguesia brasileira ganhar mais dinheiro.”
Mais adiante, durante os governos Lula, entre 2003 e 2010, a política de reajuste do salário mínimo acima da inflação foi um dos pilares da inclusão social:
- Essa política combinada à formalização do emprego e ao crescimento do crédito, ajudou a tirar milhões da pobreza e impulsionou o mercado interno;
- E não provocou os cataclismos econômicos que os críticos tanto temiam.
No entanto, apesar da experiência mostrar que distribuir renda é também dinamizar a economia, esse modelo de gestão da economia foi interrompido no ciclo seguinte, especialmente sob o pretexto do ajuste fiscal adotado por Michel Temer, aprofundado no governo Bolsonaro:
- O resultado foi o congelamento do poder de compra dos mais pobres;
- E o aumento das desigualdades.
Agora, com a retomada da política de valorização do Salário Mínimo, novamente o mesmo mercado que naturaliza lucros bilionários de bancos, isenções fiscais a grandes empresas e a manutenção de juros reais entre os mais altos do mundo, torna a demonizar o aumento no Salário Mínimo, inclusive, desonestamente, tratando essa fundamental correção histórica como uma irresponsabilidade fiscal.
Não se constrói uma nação próspera esmagando a base que a sustenta e, na verdade, o Salário Mínimo é um instrumento legítimo de redistribuição de riqueza em um país ainda profundamente desigual como o Brasil:
- Valorizar o Salário Mínimo significa investir no círculo virtuoso da economia;
- Com mais renda, mais consumo, mais produção e mais emprego.
A sociedade brasileira precisa estabelecer um debate sobre as prioridades do país e definitivamente conferir dignidade a quem trabalha:
- Não há crescimento econômico sustentável sem justiça social;
- E não há justiça social sem que se assegure, no mínimo, um patamar de dignidade para quem vive do próprio esforço.
A insistência em tratar a valorização do trabalho como uma ameaça, e não como um ativo estratégico para o país, revela o quanto ainda estamos presos a uma mentalidade elitista e excludente:
- Uma mentalidade que aceita, sem grandes escândalos, que uma minoria acumule fortunas;
- Enquanto a maioria luta para sobreviver com salários defasados.
A valorização do Salário Mínimo, quando feita de forma responsável e contínua, é uma poderosa ferramenta de inclusão, de estímulo à economia real e de construção de um país menos desigual. Mais do que isso: é um ato de respeito àqueles que movem o Brasil todos os dias.
Valorizar o trabalho é valorizar o Brasil. O país precisa romper com os tabus e assumir, com coragem, a defesa de um projeto nacional baseado na dignidade, na equidade e na valorização de quem põe a mão na massa e constrói essa Nação.