O Brasil é uma potência agrícola, mas permanece vulnerável ao depender da importação de cerca de 85% dos fertilizantes que consome:
- Além de frear o pleno desenvolvimento da nossa agricultura;
- Essa dependência impõe riscos econômicos e geopolíticos.
Diante desse cenário, é urgente repensar a cadeia nacional de fertilizantes e o Nordeste, nesse contexto, tem todas as condições de ser um polo estratégico nessa reconfiguração:
- A região abriga uma população de quase 60 milhões de brasileiros;
- E um agronegócio em franca expansão.
A nova fronteira agrícola do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a fruticultura irrigada do Vale do São Francisco (Pernambuco e Bahia), as lavouras de cana-de-açúcar em Alagoas e Pernambuco e outras produções – demandam cada vez mais insumos:
- Mas, sem um planejamento orientado para a integração, a maior parte dos fertilizantes ainda chega de portos do Sul e Sudeste;
- Encarecendo o processo produtivo e ampliando as desigualdades de há muito existentes.
Esse cenário pode mudar e o Nordeste dispõe de vantagens logísticas e estratégicas fundamentais:
- O Porto de Suape (PE), por exemplo, é um dos mais modernos do país, com acesso ao terminal de gás natural liquefeito (GNL) e conexão à malha rodoviária e ferroviária em expansão, como a Transnordestina;
- Portos como o de Pecém (CE) e Itaqui (MA) também apresentam grande capacidade operacional;
- Estruturas ideais para importar matérias-primas (como potássio e fósforo) e exportar produtos processados.
Além disso, como uma fábrica de fertilizantes não é apenas uma planta industrial – e sim um núcleo dinâmico de desenvolvimento – ela ativa setores como a indústria química de base, logística, construção civil, serviços industriais e pesquisa tecnológica:
- Gerando milhares de empregos diretos e indiretos, muitos deles bastante qualificados;
- O que demanda formação técnica e universitária – algo que pode ser suprido pelas universidades e centros de pesquisa nordestinos, como UFPE, UFRPE, UFC e UEMA.
Trata-se, portanto, de um importante vetor de reindustrialização. E o Nordeste, que já foi alvo de desindustrialização precoce, pode recuperar protagonismo produtivo com cadeias que agregam valor, conhecimento e inovação – reduzindo, assim, a distância econômica que ainda o separa do Sul e Sudeste:
- Sendo preciso ação coordenada entre os entes federativos;
- E o Governo Federal, por meio do novo PAC, da nova Política Nacional de Fertilizantes e do BNDES, fomentar projetos industriais na região com incentivos e financiamentos estratégicos.
A Petrobras – que teve suas fábricas de fertilizantes desmontadas nos últimos anos – deve retomar sua presença no setor, sobretudo com foco em gás natural como matéria-prima:
- Ao mesmo tempo em que, os estados nordestinos podem oferecer políticas de incentivo fiscal;
- Formação profissional;
- E atração de investimentos privados.
Enfim, construir fábricas de fertilizantes no Nordeste, não é apenas uma medida econômica:
- É uma decisão política a favor da soberania nacional e da justiça territorial;
- Completamente possível, viável e necessário.
Suape, pela sua infraestrutura portuária e localização geográfica, reúne condições ímpares para liderar esse movimento de reindustrialização produtiva, soberana e enraizada nas potencialidades regionais, com capacidade de disseminar esse processo por toda a região com inclusão, geração de empregos qualificados e redução das desigualdades históricas.
Reindustrializar o Nordeste é reconstruir o Brasil com mais equilíbrio, dignidade e desenvolvimento para todos. Chegou a hora de transformar essa urgência em prioridade de Estado.