Cadastre-se Grátis

Receba nossos conteúdos e eventos por e-mail.

Lula abandona presidencialismo neoliberal para fazer política semipresidencilista eleitoral. Por César Fonseca

Mais Lidos

 Foto Agência Brasil

Vai se aproximando as eleições presidenciais e parlamentares de 2026 e as opções do presidente Lula, igualmente, vão mudando.

Ele afirmou, no final de semana, que volta à política, o que significa reduzir o ritmo do ajuste fiscal para imprimir ritmo desenvolvimentista à economia, deixando de lado o discurso neoliberal, para dar lugar ao seu oposto: o discurso eleitoral.

Isso já ficou claro, quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não alcançou seu objetivo de cortar gastos públicos, de um lado, e tentar aumentar imposto de outro, como compensação, para conquistar o mercado financeiro.

A proposta de contingenciamento orçamentário de R$ 30 bilhões, que seria compensado por aumento do Imposto de Operações Financeiras (IOF), como queria o ministro, foi barrada pela Faria Lima, em parceria com o Banco Central.

Haddad, então, teve que recolher os flaps.

O aumento de carga tributária, por meio de IOF, cuja característica principal é a de ser imposto regulatório, foi rejeitado pelo mercado financeiro, pois atingiria fundos de investimentos e suas aplicações internas e internacionais, com alíquotas maiores, na casa de 3,5%, ultrapassando percentual de 1,8%.

Os rentistas resistiram e fizeram a equipe econômica da Fazenda recuar.

As controvérsias que vieram à tona, segundo as quais, como disse o ministro, revelarem, sobretudo, empecilhos técnicos, deixaram oculta a verdade maior: os rentistas não aceitam pagar impostos sobre seus rendimentos financeiros e impuseram a sua vontade, configurando o que o economista Luiz Gonzaga Belluzzo declarou: o governo está sitiado pelo mercado financeiro.

Diante desse fato inquestionável, nas atuais circunstâncias determinadas pela total financeirização da economia brasileira, que impede avanço sustentável dos investimentos na produção e no consumo, bloqueando avanço de política desenvolvimentista, com produção de empregos de qualidade por meio da industrialização, o presidente Lula, mais uma vez, muda de rumo.

GIRO À DIREITA

A estratégia lulista, a partir de agora, é fazer mais política do que economia: render-se ao status quo rentista, conduzido, politicamente, pelo Congresso dominado pelo semi parlamentarismo ou semi presidencialista e buscar as alianças à direita para manter a frente ampla com a qual conta para faturar sua reeleição.

A ampla maioria congressual, que se materializou durante 2024, com a vitória eleitoral da direita e ultradireita, sinalizou o óbvio: a esquerda não tem força para governar.

Essa realidade evidente, que deixou clara a derrota do presidencialismo, obrigou o presidente Lula a aceitar os termos políticos peremptórios impostos pelos oposicionistas, como nova correlação de forças políticas.

Ela se expressa na força da defesa feita pela oposição em favor das emendas parlamentares, que estabelecem a realidade maior da governabilidade semi presidencialista, reconhecida, neste domingo, pelo ministro Fernando Haddad, em entrevista ao jornal O Globo.

Diante dessas novas circunstâncias, o presidente dá um giro, não à esquerda, como o PT e aliados esperavam, mas à direita, para compor com o semipresidencialismo/semiparlamentarismo, que impediu Haddad de seguir adiante com o ajuste fiscal neoliberal.

Comprova-se, desse modo, que a força conservadora congressual, amplamente, dominante, a partir de 2024, por meio da união direita e ultradireita, não está disposta a jogar com o ajuste fiscal neoliberal de Haddad, cujas expectativas reduzem, ainda mais as chances de vitória eleitoral do presidente Lula.

A direita, na verdade, mostra que, ao barrar mais um lance de restrição monetária, tocado por Haddad, na semana passada, sob pressão do mercado financeiro, mostra-se incompatível com o rentismo, em doses excessivas, como tem imposto a dupla BC-Faria Lima.

Afinal, passa a vigorar o realismo político: o neoliberalismo prejudica a economia e afasta os eleitores.

O presidente Lula, em seu giro à direita, como antecipou o ex-ministro José Dirceu, passou a jogar com a estratégia semipresidencialista, deixando de lado o presidencialismo neoliberal de Haddad, que deixou de ser útil.

Artigos Relacionados

Glauber Fortalece Pauta De Esquerda No Congresso

Foto Rede 98 Fortalece a democracia e as pautas de esquerda, comprometidas com o desenvolvimentismo tocado pelo presidente Lula com valorização do social relativamente...

O Paradoxo do Governo Lula: Indicadores Econômicos e Sociais Relevantes, mas Não Consegue Comunicar Isso ao Povo

O prefeito do Recife, João Campos, reconhecido pela excelência no trabalho de comunicação do seu governo, em entrevista ao programa Roda Viva (ver vídeo),...

O Desafio de Defender a Soberania que Ainda Resta ao Brasil

O mundo contemporâneo reflete uma realidade implacável para um país como o Brasil sob a qual defender e manter a soberania é algo muito...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Em Alta!

Colunistas