Editora: Brasiliense
Escrito em 1966 e com uma única edição no Brasil lançada em 1967, “Homens e caranguejos” é o único romance do renomado cientista Josué de Castro.
Num texto tocante – de tom memorialístico e autobiográfico – ele narra a história de vida de um menino pobre que começa a descobrir o mundo e logo se depara com a miséria e a lama do mangue.
As brincadeiras de infância são trocadas pelo duro trabalho nos manguezais, nos quais os meninos se tornam caranguejos, num estranho mimetismo que o autor já aponta no prefácio: “Seres humanos que se faziam assim irmãos de leite dos caranguejos.
Que aprendiam a engatinhar e andar com caranguejos da lama e que após terem bebido na infância este leite de lama, de se terem enlambuzado com o caldo grosso da lama dos mangues e de se terem impregnado do seu cheiro de terra podre e de maresia, nunca mais se podiam libertar desta crosta de lama que os tornava tão parecidos com os caranguejos, seus irmãos, com as duras carapaças também enlambuzadas de lama.
” Em “Homens e caranguejos”, ele conta como percebeu o fenômeno da fome, como a descobriu fenômeno social, uma criação do homem e força social.
Mais que um drama ficcional, este livro mostra a realidade de uma comunidade imprensada entre a estrutura agrária feudal e estrutura capitalista.
Um cenário que até hoje persiste no Nordeste do Brasil, sem integração e que vegeta às margens da sociedade.