
O crescimento econômico visto na região é evidente (Jacobs Stock Photography Ltd/Getty Images)
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O Estado da Bahia desponta como um dos maiores protagonistas da transição energética no Brasil, e sua contribuição vai além do fornecimento de energia limpa.
Os projetos de energia renovável, em especial solar e eólica, estão reescrevendo a história socioeconômica do Semiárido, alavancando uma economia verde e sustentável que respeita a Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, e transforma a vida das comunidades que nele habitam.
A Caatinga, com seu clima desafiador e vastas extensões de terras, encontrou nos projetos de energia renovável uma nova vocação.
O bioma, que muitas vezes enfrentou o estigma de ser improdutivo, tornou-se palco de grandes empreendimentos solares e eólicos, com impacto direto na economia de municípios, entre eles, Uibaí e Ibipeba.
Crescimento econômico e impacto nas finanças públicas
O crescimento econômico visto na região é evidente.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a arrecadação municipal de localidades com projetos de energia renovável registrou saltos expressivos.
Em Uibaí, por exemplo, a receita tributária cresceu significativamente nos últimos 10 anos, com um aumento de 130%, e hoje já ultrapassa R$ 58 milhões.
O PIB per capita anual saltou de menos de R$ 5 mil para mais de R$ 12,6 mil, após a instalação de parques eólicos e solares, permitindo investimentos em infraestrutura e qualidade de vida para a população.
Geração de empregos e fortalecimento social
Além disso, o impacto positivo não se limita às finanças públicas.
A criação de empregos diretos e indiretos durante a construção e operação dos parques, aliada a programas de capacitação para as comunidades locais, têm reduzido a migração de trabalhadores para outras regiões, fortalecendo o tecido social e econômico da Caatinga. A região ganhou uma nova vocação, com efeitos socioeconômicos muito positivos.
Conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental
Um dos grandes méritos dos projetos de energia renovável na Bahia é a forma como conciliam desenvolvimento econômico e preservação ambiental.
O licenciamento ambiental exigido para esses empreendimentos é técnico e rigoroso, o que garante que a fauna, a flora e os recursos hídricos da Caatinga sejam efetivamente protegidos.
Além disso, os parques eólicos e solares operam com baixíssimas emissões de carbono, o que também significa uma enorme contribuição para os esforços globais de mitigação das mudanças climáticas.
É importante destacar que a conservação ambiental e a geração de energia limpa são os alicerces para a construção de um futuro mais sustentável.
Nova vocação da Bahia
A Bahia sempre foi reconhecida por sua diversidade cultural e riqueza natural.
Agora se consolida como um dos maiores polos de energia renovável do Brasil.
Esse movimento não só atrai investimentos nacionais e internacionais, mas também posiciona o estado como um exemplo de economia verde para o país.
A criação de um cluster regional focado para a cadeia produtiva em torno da energia renovável — incluindo a fabricação de componentes para turbinas eólicas e painéis solares — amplia os benefícios econômicos, gerando mais empregos e fortalecendo setores industriais locais. Mais: ajuda a transferir conhecimento e tecnologia para os baianos, de forma a inseri-los na nova economia verde. Para os municípios do Semiárido, isso significa não apenas aumento de arrecadação, mas também uma nova perspectiva de desenvolvimento sustentável.
O impacto transformador para as comunidades
Mais do que uma solução para a crise climática, os projetos de energia renovável na Bahia representam um legado transformador para as comunidades da Caatinga.
Ao integrar as dimensões econômica, social e ambiental, esses empreendimentos mostram que é possível crescer preservando, inovar respeitando e desenvolver cuidando.
Enquanto as turbinas eólicas e os painéis solares convertem os elementos da natureza em energia limpa e sustentável, o impacto desses projetos ressoa para muito além disso. Eles estão mudando o destino de milhares de baianos, ressignificando a economia da Bahia e o papel da Caatinga como um símbolo de resiliência e renovação.
O futuro da Bahia está cada vez mais verde, e isso não é apenas uma metáfora: é uma realidade construída com planejamento, investimento e compromisso com a sustentabilidade. Que esse modelo continue a inspirar o estado e o Brasil na construção de um futuro em que a economia e meio ambiente coexistam em harmonia.
Por Rubens Silveira Neto e Lupércio Alves Cruz de Carvalho, advogados do escritório Milaré Advogados, o primeiro no Brasil dedicado exclusivamente à advocacia Ambiental.