Existe o consenso na sociedade de que é urgente ajustar as contas públicas.
O que não existe é o consenso de como fazer.
Por quê?
Porque ninguém quer abrir mão do seu quinhão, dos seus benefícios, das suas vantagens.
O problema é sempre o vizinho.
Mas todos têm sua responsabilidade.
O Executivo quer manter seu nível de despesas, seguir com seus programas, e para isso precisa arrecadar muito.
Tentando propor equilíbrio das contas públicas, lança medidas pontuais, sem diálogo com a sociedade, e, pior, sem estruturá-las em um plano nacional.
O Legislativo critica as propostas do governo, já antecipando posições eleitorais, não oferece alternativas e finge não ser um dos grandes responsáveis pelo desequilíbrio das contas públicas.
As emendas parlamentares hoje representam 25% do orçamento discricionário e atingiram o valor exorbitante de cerca de R$ 50 bilhões.
O Judiciário não abre mão de suas vantagens pecuniárias que levam a remuneração acima do teto salarial constitucional.
Os setores produtivos buscam sobreviver através desonerações e subsídios setoriais.
Esses benefícios, que muitas vezes são dados em momentos justificáveis, acabam se perpetuando indefinidamente, o que afeta não só as contas públicas, mas também a eficiência econômica.
O setor financeiro cobra equilíbrio fiscal, mas amplifica a crise, muitas vezes se beneficiando dessa instabilidade e lucrando com a volatilidade causada pelo caos no mercado.
Ou seja, ou sentamos como adultos numa mesa – Executivo, Legislativo, Judiciário, empresários dos setores produtivo e financeiro, trabalhadores e representantes da sociedade civil – em busca de entendimento para construção de um projeto para a nação, ou afundaremos todos juntos.
Josué Gomes da Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP