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A besta do apocalipse

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Felipe Quintas
Felipe Quintas
Mestre e doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal Fluminense - UFF

O Brasil hoje é desgovernado por um conluio entre uma direita neoliberal/neoconservadora (que não tem nada a ver com a direita nacional-desenvolvimentista do passado) e uma esquerda identitária pós-moderna (que igualmente não tem nada a ver com a esquerda trabalhista e comunista do passado, e cada vez mais se distancia, para pior, do arremedo social-democrata petista dos anos 2000).

Ambas parecem ter saído de um sonho erótico de Jacques Derrida, pois ambas proclamam em alto e bom som que seu objetivo é “desconstruir”. Não querem saber de criar nada, só de destruir e lucrar em cima do que os outros fizeram.

É assim que a direita neoliberal/conservadora, que enche a boca para defender a “economia”, elimina todo e qualquer investimento e nunca inicia obra alguma, só entrega para narcofinancistas destruírem e encarecerem as cadeias produtivas e os serviços que gerações inteiras construíram. O dinheiro que ela alega faltar para construir qualquer coisa que seja, sobra para financiar a entrega do que quer que for para seus chefes da Bolsas de Valores, verdadeiros sanguessugas que incham à custa dos direitos e do bem estar da sociedade.

A esquerda identitária pós-moderna, que enche a boca para defender a cultura e o saber, por sua vez, elimina qualquer sentido de beleza, harmonia, método, conhecimento e bom senso nas artes, na educação, em tudo, entregando-os para as ongs e fundações dos mesmos narcofinancistas, privatizando e degradando a alma do povo. Não sei que livro de história é esse que ela se orgulha tanto de ler, porque a única política cultural que ela defende é o apagamento da memória nacional, seja derrubando estátuas e mudando nome de ruas ou precarizando o Museu Nacional até ele pegar fogo.

A maioria das pessoas pensam que essa direita e essa esquerda são inimigos jurados pois é isso o que parece no grande circo dos horrores que virou a nossa democracia, mas na verdade eles se completam e sabem disso. Tanto que uma nunca trabalha para reverter o desmonte feito pela outra, muito pelo contrário, pois o estrago feito por uma é a escada para outra subir e fazer ainda mais estrago.

É verdade que sempre houve canalhas no Brasil, mas, pelo menos na história da República, nunca houve tantos canalhas e tão canalhas quanto hoje. Ainda procuro entender como o Brasil deixou de ser o país de JK e Geisel para se tornar o de Dilma e Bolsonaro, deixou de ser o país de Elis Regina para se tornar o de Anitta, deixou de ser o de Roberto Simonsen para se tornar o de Jorge Lemann, deixou de ser o de Azeredo da Silveira para se tornar o de Ernesto Araújo, deixou de ser o de Guerreiro Ramos e do Padre Leonel Franca para se tornar o de Djamila e de Olavo de Carvalho.

É tanta desconstrução pela direita e pela esquerda que, nesse ritmo, o futuro do Brasil será se transformar em uma gigantesca cracolândia, uma imensa maioria de drogados na mais absoluta e completa miséria, com uma agente de saúde do Banco Mundial para monitorar a situação e escrever relatórios internacionais sobre o empoderamento cross-trans-fluid-#%7*-gender no lugar que um dia se chamou Brasil.

Já está acontecendo. Deixaremos continuar?

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