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Lula esquenta CPI do MST e dá pontapé na reforma agrária visando nova industrialização

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O presidente Lula, de forma descontraída, falando à população pelo Podcast, em novo experimento comunicacional com a população, adiantou-se na questão mais pungente para o futuro da industrialização do Brasil visando criação de empregos de valor agregado, técnica e cientificamente avançados no debate sobre a reforma agrária.

Quem fará a reforma será o Incra, o Estado, em cima da propriedade pública, devoluta, improdutiva, para elevar a oferta de alimentos e concomitantemente democratização da propriedade agrária e fortalecimento do mercado interno por meio do qual impulsionaria melhor distribuição de renda e justiça social.

Será a receita para a industrialização nacional, como aconteceu, ao longo do século 19 em diante, nos países capitalistas ocidentais, forma de avanço do capitalismo que criou os valores econômicos, políticos e sociais, base do sistema democrático, ao qual ideologicamente o Brasil se alia.

Lula acena para a luta pela terra em bases pacíficas, delimitando o acesso à pequena e média propriedade por meio do crédito público e a garantia de expansão da grande propriedade, mediante conceito de ocupação territorial sintonizado com convivência cooperativa entre as duas vertentes econômica, mediadas por reforma tributária em discussão no Congresso: os que ganham mais pagarão mais e os que ganham menos pagarão menos impostos.

Dessa forma, buscará condicionar a convivência apaziguadora entre as categorias sociais pelo espírito cooperativo: o grande proprietário visará as exportações da produção de culturas extensivas, como soja e milho, e o pequeno e médio o atendimento ao mercado interno e sua demanda alimentícia, com melhor distribuição de renda, cujas consequências seriam condições econômicas sustentadas em inflação e juros baixos, para elevar produção e produtividade sob orientação estatal, especialmente, na formação de estoques reguladores.

Luta ideológica no Congresso

As tensões que se formam dentro do Congresso em torno da CPI do MST tendem ampliar o debate do ponto de vista ideológico, porque os trabalhadores sem terra cada vez mais tentarão aliar-se ao maior mercado consumidor agrícola do mundo, o chinês, sobretudo, por meio da expansão do crédito público, que conformou a reforma agrária chinesa, a mais produtiva do mundo, na atualidade.

O objetivo do MST, segundo seu maior líder, João Pedro Stelide, que esteve, com Lula, na China, alinhando-se aos pregadores chineses de uma nova agricultura global, ancorada na pequena e média propriedade, é o de abrir espaço à geopolítica Sul-Sul em que a pequena e média propriedade usufrua das mais avançadas tecnologias por meio do crédito público.
Esse deverá ser o papel mais decisivo a ser desempenhado pelo Banco Brics, presidido, hoje, pela ex-presidente brasileira, Dilma Rousseff, cujas linhas de atuação serão delimitadas, em agosto, na África do Sul, na reunião dos Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – com propósito de abrir-se aos novos sócios interessados, isto é, mais de duas dezenas de países asiáticos, africanos e latino-americanos.

O modelo agrícola chinês é o que vem sendo colocado em prática desde 1949, com a revolução maoísta.

Ela, essencialmente, como proposta econômica, política, social e ideológica, prioriza a pequenas e média propriedade agrícola, à qual se ligou modelo específico de industrialização, centrado na fabricação de pequenas máquinas capazes de atender a demanda socialmente gerada pela reforma agrária.

Nesse sentido, como destaca Stedile, é de esperar que, com o apoio da China, a agricultura familiar brasileira terá acesso ao crédito chinês, nos próximos tempos, em sintonia com esse novo perfil de industrialização voltada para o campo onde se disseminará a pequena e média propriedade capitalista com característica cooperativa.

Opção ao modelo americano

Em vez da opção pelas grandes máquinas plantadeiras, grandes colheitadeiras fabricadas por grandes empresas agrícolas, de capital oligopolizado, cujos insumos, por sua vez, são, igualmente, financiados por megas produtoras, financiadas por fundos de investimentos internacionais, a nova tendência, sob orientação da geopolítica chinesa, será o seu oposto.
Haverá, na avaliação do pessoal do MST, entusiasmado com tal possibilidade, virada qualitativa, em sintonia com o grande consumidor chinês.

Por que a China, em vez de bombear o modelo da pequena e média empresa, fabricante dos pequenos tratores, com capacidade e produtividade superior, financiadas por bancos públicos chineses, razão do sucesso da expansão industrial chinesa, no mundo, continuaria com o modelo agrícola americano que faz concorrência ao modelo que a China propõe implementar, conforme argumenta Stedile?

Nesse sentido, o grande debate que rolará na CPI do MST será o de promoção da aproximação dos sem-terra dos chineses, em concorrência com o agronegócio, cujo modelo se adequa à expansão da financeirização especulativa dos grandes fundos internacionais que detêm o destino capital para abastecer os capitalistas da mega produção.
Que opção triunfará?

Assista a live na íntegra.

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