A ex-presidente Dilma Roussef foi apeada do poder, em 2016, porque contrariou, a partir de 2007, os banqueiros, no seu primeiro mandato, ao reduzir juro Selic, o que permitiu crescimento do PIB, graças ao aumento da oferta de moeda no mercado.
Não foi esse o efeito produzido pelo FED, BC americano, para combater o crash de 2008 um ano depois, elevando em 15 vezes a oferta monetária, trocando dívida velha por dívida nova e esticando prazo?
Ela segurou inflação e renegociou dívida.
Keynes tinha razão ao dizer que a única variável econômica verdadeiramente independente no capitalismo é o aumento da quantidade de oferta de moeda em circulação, para elevar demanda global.
Nova Matriz Econômica, que a direita tenta demonizar, em Dilma, é isso, em termos de Brasil, comparada, a agiotagem do BC que trabalha para a Faria Lima.
Em outras palavras, foi ensaio de Nova Política Monetária, MMT, que economistas heterodoxos têm pregado no capitalismo desenvolvido, para vencer monetarismo que produz crise e fascismo.
Isso é que garantiu vitória no segundo mandato em 2014 da ex-presidenta, hoje, presidenta do BRICS, cuja proposta é a mesma, vencer o monetarismo capitalista especulativo, que inviabiliza a democracia dominada pelo dólar.
Emergiram reações políticas terríveis contra Dilma.
Os tucanos, que nunca mais, depois de FHC, ganharam no voto, diante da derrota, em 2014, partiram para contestação do resultado e em seguida para articulação do golpe fascista.
Os atropelos políticos não deixaram Dilma governar. Para cassá-la, maioria conservadora e reacionária, antinacionalista, inventou as pedaladas, agora, desmentidas por tribunal de Brasília.
Os bancos, logo no início do segundo mandato dilmista, guerrearam contra os juros baixos até impor Fernando Levy, homem do Banco Mundial e do FMI, sem que o PT corresse para socorrê-la, mobilizando os trabalhadores em defesa do seu mandato. Há muito mais história entre o céu e a terra que aviões de carreira, como diria Barão de Itararé.
Para não deixar Dilma chegar ao fim do seu mandato, entraram em cena as forças neoliberais que levaram ao fascismo bolsonarista, cuja essência é destruir trabalhadores, agora, politicamente, desmobilizados pelo fim do imposto sindical, que facilitou aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, responsáveis pela destruição do poder de compra dos salários etc.
Guerreira Gleisi repete Dilma
A presidenta do PT, deputada paranaense, mais votada nas eleições de 2022, atua, quanto à agiotagem do BC Independente(BCI), comandado pelo bolsonarista Campos Neto, na mesma linha da ex-presidenta do Brasil e presidenta do BRICS, onde encabeça política de cooperação internacional, pregando desdolarização global para baixar juro no Sul Global em nome de mundo multipolar.
A parlamentar paraense, no governo Lula, ganhou imediatamente a vanguarda na luta contra a agiotagem praticada pelo BCI cuja tarefa tem sido a de brecar maior oferta de moeda em circulação, para sustentar ajuste neoliberal em tramitação no Congresso, com apoio de maioria superconservadora fascista.
A transição fiscal entre governo Bolsonaro e governo Lula, decorrente do resultado eleitoral lulista, na tarefa de levar adiante programa desenvolvimentista com distribuição de renda e justiça social, tem sido, sistematicamente, boicotada por Campos Neto.
Depois de muita pressão popular, encabeçada pela enérgica posição de Gleisi Hoffman, em confronto com forças conservadoras, no parlamento, o presidente do BCI flexibilizou taxa Selic em dozes homeopáticas.
Depois de sustentar Selic de 13,75%, de agosto de 2022 a setembro de 2023, levando a economia ao garroteamento financeiro total, responsável por bloquear indústria, comércio e serviços, o BCI iniciou redução da Selic a 13,50%, na última reunião do Conselho de Política Monetária(COPOM).
Os monetaristas radicais do BCI recuaram com indicação de Lula e Haddad para dois cargos na diretoria da instituição, mas a resistência ameaça a ser maior que a disposição de flexibilizar.
Vitória da bancocracia
Campos Neto, diante da política de preços da Petrobrás, adotada por Bolsonaro, que trai o consumidor, reajustando preços, conforme variação dos preços internacionais, desconsiderando vantagens comparativas da estatal do petróleo, para sustentar cotações abrasileiradas, voltou a servir de motivo para manter juros altos ou pelo menos evitar novas quedas.
Diante dessa posição de dúvida estrategicamente construída por Campos Neto, o mercado, inseguro, mantém os preços ao consumidor nas alturas, recrudescendo inflação, a justificar, segundo informações vazadas por Neto, sustentação da taxa Selic em posição conservadora.
Os acionistas privados da Petrobrás, apoiados por Wall Street, e, sobretudo, o mercado financeiro especulativo dão sinais de total apoio a Campos Neto na sua tarefa de resistir, em favor da jogatina financeira, à queda da Selic na próxima reunião do COPOM.
Resultado: grandes lojas de departamento, que, oligopolicamente, dominam o comércio no crediário, como é o caso das Lojas Bahia, estão abrindo o bico por falta de consumidores. Consequentemente, estão demitindo trabalhadores.
Essa tendência tende a crescer diante da propensão do BCI de garrotear vendas em cartão de crédito, sem as quais, pode-se repetir o escândalo das Lojas Americanas. Afinal, os capitalistas do comércio, diante do juro alto, que derruba as vendas e estoques elevados, destruindo taxas de lucros, buscarão a compensação no mercado financeiro especulativo.
Por isso, para os gigantes do comércio, o melhor, mesmo, é o juro alto, com o qual ganharão mais do que ficarem diante das incertezas, ou seja, do não retorno do capital aplicado na compra de mercadorias manufaturadas que ficam encalhadas por falta de consumidores. O efeito dessa lógica dialética se refletirá, evidentemente, na indústria. A possibilidade de reindustrialização prometida por Lula fica, desde esse momento, cada vez mais distante.
Tem razão, portanto, a presidenta do PT de que o BCI jurista, especulador, acelera destruição, primeiro, do comércio, para, em seguida, atingir a indústria, ao mesmo tempo que os setores de serviço vão de cambulhada ao precipício. Gleisi e Dilma levantam bandeira contra a bancocracia especulativa protegida pelo BCI.
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