O governo vai captar inicialmente 2 bilhões de dólares no mercado internacional para promover a chamada transição energética, trocando o dinheiro captado por títulos da dívida pública.
Na prática, a ação articulada pelo ministro da Fazenda, representa financeirização dessa transição materializada em projetos de diversas modalidades. Os fundos de gestão e de investimentos mais poderosos do mundo, como o BlackRock, estiveram na reunião com o ministro, em Nova York, onde o presidente Lula se encontra para pronunciar, amanhã, discurso de abertura da Assembléia anual da ONU.
As ações para atrair os recursos de investidores estrangeiros, aplicadores no BlackRock etc, cuja prioridade essencial é alcançar os mais altos retornos especulativos que somente títulos da dívida pública podem proporcionar, incluem: prevenção e controle de poluição e emissão de gases de efeito estufa; fomento a iniciativas ligadas à energia renovável, transporte limpo, e gestão sustentável de recursos naturais; bem como prevenção e controle de poluição, gestão de resíduos sólidos, etc.
Essencialmente, são financiamentos a custo selic, praticado pelo Banco Central Independente, os mais caros do mundo, ou então, para serem, realmente, atrativos, embutirão subsídios suficientes para seduzir investidores,.
Somente dessa forma, darão retorno mais que proporcional sobre capital investido na produção, como se caracterizam os rendimentos em títulos da dívida, descolados para a especulação.
Wall Street comanda a financeirização verde
É de se esperar, pela lógica da distribuição das ações, feitas a partir de lançamento na Bolsa de Nova York, a mundialização dos papéis destinados a financiar a economia verde, no Brasil, desde o estrangeiro.
Os riscos da livre circulação do capital verde, no circuito da financeirização econômica global, são dados naturais desse negócio, que guarda essência especulativa. É de se indagar se os custos dessa financeirização verde, realizada ao largo do controle dos mecanismos financeiros nacionais, que envolvem aspectos de segurança nacional, estarão ou não sob controle das instituições etc.
O fato é que a financeirização verde é opção de risco para substituir insuficiência nacional para realização nacionalista que poderia ser operada pela Petrobrás, se estivesse atuando como empresa de energia com capital próprio resultado dos seus investimentos. Como a estratégia neoliberal é desinvestimento da estatal petroleira criada por Vargas por força da desestatização dos seus ativos, o Brasil pode perder a soberania na condução da economia verde devido carência de autonomia financeira.
Prioridade equivocada
A prioridade da empresa não é expansão dos (sub)investimentos, além de R$ 15 bilhões ano, quando antes do golpe neoliberal, de 2016, atingiam R$ 25 bi/ano.
Agora, a prioridade é distribuição de dividendos, para cerca de 40% dos acionistas estrangeiros, atingindo a casa de R$ 200 bilhões, segundo o engenheiro Felipe Coutinho, da AEPET.
O consumidor ainda não viu a cor do benefício da estatal petroleira em seu bolso, nessa fase neoliberal, em forma de preço baixo de combustível.
A orientação dada pelas multinacionais que comanda a empresa não usufrui das vantagens comparativas historicamente alcançadas por ela, em forma de conquistas científicas e tecnológicas que ampliam a produtividade.
A receita marginal do maior negócio do país, advinda do petróleo, alavancaria com folga a economia verde, diz Coutinho, não fosse o desvio financeiro ideológico que domina a condução estratégica da Petrobras.
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