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INGERÊNCIA DE MÚCIO NA VENEZUELA PREJUDICA LULA

CÉSAR FONSECA - Agência Brasil

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O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, pode estar criando problema diplomático-militar para o presidente Lula ao anunciar que os militares brasileiros estão à disposição para se deslocarem à Venezuela a fim de proteger a embaixada brasileira em Caracas, no cenário de incerteza política decorrente do resultado eleitoral contestado pela oposição com apoio de Washington, maior interessado na derrota do presidente Nicolás Maduro.

Diz Múcio que para tomar a decisão que sugere, basta autorização das autoridades competentes, por exemplo, um chamado do Ministério das Relações Exteriores.

Mas, essa atribuição não seria do chefe da nação, presidente Lula, antes de se cogitar de solicitação do ministro Vieira, do Itamarati?

Estaria ou não em cena o açodamento do titular do Ministério da Defesa ao adiantar-se numa ação política dessa natureza?

O presidente Maduro daria seu OK a uma providência extemporânea nesse sentido, sem antes achá-la um despropósito por ser completa ingerência brasileira nos assuntos internos da Venezuela?

Essa decisão do ministro seria ou não ingerência nos assuntos internos venezuelanos, ao simples fato de se adiantar a uma sugestão que não se sabe de onde saiu?

Quem pediu a ele para agir nesse sentido: os militares? O presidente da República? Washington?

IMPRUDÊNCIA MINISTERIAL

Soou ou não uma imprudência do titular da Defesa quando os ânimos políticos estão excitados por jogo de informação em cenário de conspiração total, depois que o presidente Biden reconheceu vitória do candidato da oposição?

A posição americana, é certo, contribui para acirrar polaridades entre oposição e governo, na Venezuela, com os militantes políticos de lado a lado ocupando as ruas e se predispondo aos confrontos, em caso de acirramento de tensões, como é capaz de provocar a decisão de Biden pró-Edmundo Gonzalez, candidato oposicionista derrotado, segundo autoridades eleitorais venezuelanas.

A iniciativa do ministro da Defesa, Múcio Monteiro, carece totalmente de cautela política e abre especulação sobre se teria agido de moto próprio ou se tem por trás deles estímulos soprados por quem esteja propenso à criação de ambiente de choques políticos advindos da eleição contestada pela oposição com amplo apoio dos Estados Unidos e União Europeia.

A simples cogitação de enviar militares brasileiros para país estrangeiro a fim de executar missões de proteção de embaixada causaria ou não constrangimentos políticos ao presidente Lula, podendo levar o chefe de estado desse país a se sentir agredido diplomática e militarmente?

Ademais, a fala de Múcio, na verdade, seria ou não complemento da pressão que Brasil, México e Colômbia fazem para que o presidente Maduro apresse apresentação do que dele cobram, ou seja, das atas eleitorais?

GOLPE DE ESTADO EM CENA

A emergência politicamente perigosa e desprovida de cautela de Múcio representa ou não contraposição à ação política do presidente venezuelano que diz estar sendo vítima de golpe de estado e que os que o pressionam não levam em consideração que as autoridades venezuelanas já chamaram os partidos para certificar a lisura do pleito na sala do tribunal eleitoral da Venezuela?

Quem não compareceu ao chamamento oficial para certificar o que acusam os oposicionistas de fraude à posição de Maduro?

Justamente, o candidato da oposição que diz que ganhou!

Por que Edmundo Gonzalez não compareceu à sala da justiça eleitoral para saber as informações colocadas a seu dispor pelo presidente Maduro, se ele seria o mais interessado, teoricamente?

Ou a oposição quer, na verdade, criar confusão, especialmente, se o presidente dos Estados Unidos, aliado de Gonzalez, já disse que ele é o real vencedor e Maduro o derrotado?

Sobretudo, a plausível ingerência política pretendida por Múcio deixa irritados os militares da Venezuela, cujo chefe maior, o general Padrino López foi o primeiro a denunciar que seu país está sendo alvo de golpe de estado, contra o qual lutará com a força do PSUV – Partido Socialista Unido da Venezuela – e das forças armadas pela defesa do socialismo bolivariano.

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