Brasília, 23/03/2023.
Não é de surpreender que das entranhas da baixa política apareçam nesta hora notícias bombásticas dirigidas a ofuscar o prestígio de Lula, no momento em que o atual governo mobiliza suas forças para fazer frente a dois assuntos de alta prioridade para a nova administração: a disputa contra o Banco Central para reduzir a taxa básica de juros da economia e o esforço para aprovar as medidas provisórias que destinam os recursos orçamentários indispensáveis para atender os compromissos mínimos assumidos na campanha eleitoral.
As manchetes de hoje dos grandes jornais giram em torno das ameaças de morte à personalidades públicas, proferidas por um grupo criminoso do PCC, a título de represália, pelo mau tratamento que suas lideranças têm sofrido nos presídios onde estão detidas, já há algum tempo. O assunto, que já vem sem sendo investigado pela Polícia Federal, há algum tempo, ontem veio à tona, com toda ênfase, em pronunciamento do Ministro da Justiça, comunicando à sociedade as providências que já estão sendo adotadas para coibir tais ações.
Não surpreende, entretanto, que a personalidade destacada pela imprensa, entre os ameaçados, seja a do “ínclito” juiz, Sergio Moro, agora Senador, sobre o qual os criminosos, supostamente, deveriam desfechar ataque mortífero e o sequestro de seus familiares. Não se faz maiores comentários sobre os demais ameaçados, incluídos no mesmo processo, que vem sendo conduzido no âmbito do Tribunal de Justiça de Curitiba, TJ4, o mesmo que condenou Lula, sem fundamento de culpa, à prisão.
Sergio Moro, teve hoje seu mais recente dia de glória e exposição pública, pousando de vítima em entrevistas a jornais e no Plenário do Senado.
Para a nossa imprensa, supostamente imparcial, o Presidente Lula aparece como o algoz de Moro, pelo simples fato de não ter dado muita relevância ao assunto e ter declarado, em tom de riso, que se tratava de “mais uma armação de Moro”.
Visando a prejudicar a imagem de Lula, a imprensa desenterrou e publicou uma afirmação passada dele, quando ainda estava preso, de que desejava ser libertado para “ f… Moro”.
Será que Moro não está se preparando para se blindar junto à opinião pública do que venha a ser descoberto pelo novo Juiz que está à frente da Lava Jato, no Paraná. Este juiz, já deteve o doleiro Yussef, elemento central nas denúncias que serviram de base às investigações iniciais da Lava-Jato. As relações entre Moro e Yussef, parecem ter girado em torno de temas sensíveis. A verdade é que Yussef já foi solto há algum tempo.
Por outro lado, o novo Juiz da Lava-Jato já marcou audiência com o doleiro Tacla Duran, que teve sua prisão decretada por Moro e fugiu do país. Duran, denunciou à imprensa um esquema de extorsão que Moro tinha armado contra ele e que as penas a que estava sujeito poderiam ser amenizadas em troca de uma delação premiada consensuada entre as partes envolvidas.
Em resumo, o episódio atual pode ser muito mais do que um assunto do interesse exclusivamente pessoal de Moro e fazer parte de um movimento de guerra híbrida, de que ele participa, contra o governo Lula, com forte cobertura da imprensa tradicional e de membros da oposição no Legislativo para enfraquecer Lula, num momento de negociações cruciais com o sistema financeiro (Banco Central) e com o Congresso. É aguardar os próximos lances!